26 dezembro, 2011

estrelas__

Por motivos bem óbvios, eu passo a maior parte do ano sem ver estrelas.
Normalmente quando eu vejo um céu estrelado quer dizer que eu estou realmente em casa, ou bem longe dela.
Quando eu tinha uns nove, dez anos eu tentei mostrar o céu pro Nicolau depois da sua primeira grande fuga, pra que ele pudesse achar sempre o caminho de casa pelas estrelas. O Nicolau era um gato e não deu muita bola pr'aquele papo estranho, e voltou a sumir diversas vezes depois disso. Até uma vez em que não voltou mais. E talvez ainda mais por isso, eu mantive por um bom tempo uma fé infantil de que estrelas podiam traçar teu caminho pra casa.
Eu nunca aprendi direito qual constelação fica pra qual direção e como elas podem ser realmente usadas pra isso, mas tinha um catálogo de nomes, histórias de piratas e desenhos que comprovavam que isso era plausível.

Hoje eu olho pro céu e penso se tal ou tal pessoa está naquele mesmo momento olhando pra ele também.Se podemos ter certeza de alguma coisa, é que todo mundo, em algum lugar, está debaixo do mesmo céu - e isso é, de certa forma, um consolo quando você não bem certeza de como estão.
Quando alguém viaja pra longe, ou começa a fazer muita falta, eu acabo invariavelmente olhando pras estrelas e me perguntando se ele ou ela vai achar o caminho pra casa. Geralmente de um jeito gostoso e mais carente do que deveria, mas algumas com quase o mesmo medo que sentia quando meu gato sumia depois do muro. Sem certeza alguma da resposta. Com um medo danado no coração.
A gente às vezes quer ser a casa de alguém. Que queiram voltar pra gente depois de um caminho longo ou uma viagem cansativa. Que a gente faça uma falta danada pra alguém que uma faz uma falta danada pra gente.
E fica esperando que um dia voltem.
Que apareça alguém que, mesmo indo muito longe, te leve, seja no coração ou na poltrona ao lado.

Eu continuo fazendo pedidos quando, por uma bamba, pego a primeira estrela surgindo no céu.





mais ou menos tudo sobre 2011__

Um ano sobre cansaço, insônia, madrugadas compridas,
sofrimentos instantâneos e duradouros além da conta,
questionamentos,
perda e recuperação de diversos tipos de fé,
bons amigos e novos bons amigos,
e sorrisos incomparáveis.

Porque no fim das contas, todos os anos tem algumas [muitas] coisas boas que acontecem
Sobre o que fazemos por amar os outros,
por se apaixonar de bobeira,
e por amar a nós mesmos.
(e que costumamos esquecer)

___________________________________________



Eu quis que tudo fosse mais simples,
mais fácil.
Depois percebi que não tinha nada a ver.

Eu corri.
Eu voltei a ser totalmente sedentária.
Eu parei de comer.

Eu me apaixonei.
De verdade. Mais que uma vez
e de maneiras completamente diferentes.

Eu fui impulsiva e muito.
Por motivos bons e sem arrependimento.

Eu comprei um livro do Thomas Pynchon pra mim de aniversário/Natal.
Porque eu entrei na Cultura, fui ver livros em inglês e trombei com ele
daquele jeito com puta cara de sinal
(pra pessoas que veem sinal de alguma coisa desse tipo pelo menos 7 vezes ao dia)
Eu não tinha idéia de quem era Thomas Pynchon até julho desse ano.

Eu fiz berinjela assada mais vezes do que meu corpo podia lidar
com um copo de azeite num prato só

Eu comprei Santa Helena num dia de outubro por pura saudade

Eu bebi pra dormir.

Eu passei duas semanas acordando de hora em hora toda noite
pra ver se tinha qualquer notícia.

Eu acumulei garrafas na varanda.

Eu conheci quem me inspirou a começar tudo isso.
E outros que me inspiraram a continuar.

Eu acordei chorando de perder as contas,
eu chorei muito mais vezes do que seria recomendado prum corpo desidratado.
Eu gritei e bati na parede,
atirei coisas longe,
eu chorei no corredor
e no banheiro do bar.

Eu escrevi cartas. De verdade.
Que se manda pelo correio.
Responderam minhas cartas.
Perderam minhas cartas.

Eu quase chorei no meio de um recital.
Tocando o quarteto do Brumby.
Eu sempre quis tocar o Brumby, mas não a ponto de chorar.

Eu fiquei puta pelo menos 106 vezes
com o fato das pessoas não enxergarem o que tá na cara delas.

Eu voltei a cozinhar por puro amor próprio.
(e saudade de casa)

Eu perdi a fé quase que absolutamente em casais envolvendo músicos
e na possibilidade de ter alguém realmente do meu lado.

Eu toquei muito bem numa palestra do Barry Green.
Sem aquecer. Sem nunca ter tocado no baixo antes.
E me senti incrivelmente bem.

Eu pulei uns 5 metros pra dentro de uma cachoeira.
Mas provavelmente teria arregado se a Val não tivesse ido primeiro.

Eu chorei com músicas demodê
e com coisas bregas
e coisas que nunca vi a menor graça.

Eu falei sozinha na rua a ponto de olharem estranho pra mim.
Eu conversei várias vezes com o Stephan estando sozinha.
Eu passei a cantar alto quando meu fone quebrou
(e eu voltei a ouvir as pessoas)

Eu quase chorei em quase todos os concertos da Tom.
Nos outros eu chorei pra valer.

Eu toquei músicas de pessoas
e com pessoas
que me ensinaram o que era amar
antes mesmo de ter consciência disso.

Eu me orgulhei de perder a conta
de ser amiga de certos amigos extremamente talentosos
(e mais extremamente ainda pessoas maravilhosas)

Eu fui comprar material de desenho no fim do ano
e não era pra mim.
(Mas comprei uma pena nova pra mim
porque achei que merecia.)

Eu desisti de falar com alguém do meu lado.

Eu percebi que existem pessoas no mundo
com quem você pode ser muito feliz tocando junto.

Eu bebi antes das 7 da manhã.
E não fiquei bêbada.
Mas não fiquei mais triste também.

Eu fiquei orgulhosa de mim por coisas bobas.
E pensando depois, foi realmente importante.

Eu revelei fotos.
Eu pus um monte delas na parede antes das oito da manhã.
E voltei a dormir.

Eu não quis voltar pra casa.
(Na casa só tinha fotos esperando.)

Eu tomei um shot e fui pra vida.

Eu nunca vi tantas pessoas chorando em mesas de bar.
E por motivos realmente consideráveis.

Eu me encontrei em um monte de pequenos momentos musicais.
Eu me perdi totalmente da razão.
Eu me encontrei comigo mais vezes do que gostaria
Com direito a gritos, brigas e abraços de saudade.

Eu encontrei pessoas pra conversar
e entender.
Pessoas com quem sonhar.

Eu fugi.
De pessoas, situações, testes, do meu contrabaixo.
De mim.

Eu não quis morrer.
Mas também não dava a mínima pra viver.

Eu tive muito, muito medo.

Eu recebi elogios inesperados.
Inusitados.
De pessoas que eu realmente admiro.
E fiquei orgulhosa de mim.

Eu fiz brindes e quebrei taças.

Eu escrevi uma pilha de cartas que não foram enviadas.
Que não tem data certa pra serem.

Eu fui no Municipal ver o John Malkovich
(e eu realmente achava que nunca ia vê-lo no teatro)
ver meus amigos tocarem,
ver minha professora tocando meu solo de ópera preferido.

Eu fiquei sozinha.
De novo,
e de novo
e de novo.
E percebi que é normal.
Percebi que eu gosto muito
e odeio ao mesmo tempo.

Eu disse 'foda-se' e me diverti pra caralho.

Eu escrevi músicas.
De harmonia besta,
mas sinceras de doer (pelo menos no meu peito)
Eu gravei uma com meu pai.

Eu voltei a andar de skate.
Fiquei bêbada e tomei um puta tombo
-tudo dentro do previsto.

Eu me surpreendi sentindo mais saudade
do que esperava.
do que deveria.
Mais do que um dia achei ser possível.
Saudade de uma semana,
saudade de ônibus saindo da rodoviária voltando pra Sampa,
saudade de ônibus voltando pra Curita,
saudade de avião e de problema não solucionado
saudade fechando a porta do carro.
Saudade de tempo todo,
saudade de casa,
de quem ficou pra trás e mudou,
saudade do 'até quando?'
do 'quando de volta?'
do 'quando?'
saudade inesperada,
saudade temida
saudade chorada,
saudade aos berros
e no maior segredo.
saudade de um dia,
de umas poucas horas,
do que eu nem lembrava mais,
de quem eu finjo que não sinto,
de que eu me acostumei a sentir,
saudade de mim.

Eu acreditei em recuperações, em reviravoltas,
em milagres, em promessas,
em tudo de absurdo relacionado à mudanças.
Eu mandei tudo à merda.

Eu fiquei preocupada.
Desesperada.
Compulsiva.
Sassariquenta,
Confusamente bilíngue,
Tonta que só,
Triste que só vendo,
Brava,
Absurdamente possessa,
Semi-zen,
Riso fácil,
Bêbada,
Medrosa,
Engraçada,
Impulsiva,
Alegre de dar gosto,
Absolutamente maluca.
E daí voltei meio ao normal.
(todas as anteriores incluídas)

Eu quis ir pra casa,
que esquecessem meu nome.
Que se lembrassem de mim.
Que percebessem.
Que entendessem.

Eu quis parar de chorar.
Eu não consegui.

Eu ganhei cds incrivelmente bons de amigos
que realmente sabem fazer música
e te fazer dar risada.

Eu vi meus exemplos de força
parecendo tão frágeis.
Eu fiquei tão triste
que quase não percebi quem tava triste também.

Eu arrumei pela última vez do ano a casa,
pra estar bonitinha quando voltar.
Ouvindo música e cantando alto.
E senti um negócio rasgando meu peito,
doído de verdade.

Fui me despedir dos meus amigos.
Pra viagens, férias, viagens de trabalho e de sonho.
Respondi mensagens do outro lado do mundo,
fiz amigos por osmose.

Eu desenterrei músicas.
Eu ouvi a mesma música um milhão de vezes.

Eu consolei pessoas
quando já não achava coisa nenhuma pra acreditar,
muito menos pra dizer.


Percebi que acabei parando em dois lugares
onde me faz muito bem estudar
E  que não existem turmas perfeitas,
mas as nossas chegam bem perto.
Minha família aumentou,
meu coração estreitou,
e voltou a ser corajoso que si só.
Eu perdi meu quarteto,
mas ganhei um trio.
E um duo pro próximo ano.
(2 ou 3 às vezes é muito mais que 4)


Eu me decepcionei com pessoas,
eu me surpreendi com pessoas,
eu deixei de prestar atenção em quem realmente merecia
e caí na mesma bobagem que alguns
de julgar precipitadamente mal suas opiniões
ou ações sobre algo a meu respeito.

Eu esperei que entendessem.
E percebi que quase nunca isso acontece.

Eu me despedi.
Eu fui procurar.
Eu fiquei esperando.
E em algum momento eu percebi que,
totalmente contra minha vontade e convicções,
estava começando a desistir.

Eu casquei o bico,
chorei, reclamei
e falei um monte com a minha mãe no telefone.
Eu fui vê-la bem menos do que gostaria.

Eu me conformei comigo mesma.
Com toda a incompetência, falta de realizações
e planos bem sucedidos dos últimos anos.
Pra que pudesse finalmente começar a mudar.

Eu ganhei amigos.
Ganhei sorrisos incomparáveis,
abraços, declarações,
poemas perfeitamente escolhidos.
E um versinho improvisado e bonito.

Eu subi no telhado pra ver estrelas.

Eu quase dormi na grama.

Eu guardei pedras e conchas.

Eu dormi muito pouco.
Acordei muito tarde.
Não consegui acordar.
Não queria acordar.

Eu passei uma semana me alimentando basicamente
de coxinha e cerveja.

Eu entendi um pouco melhor os cachorros.
Os gatos continuaram me fascinando.
E entendi ainda menos as pessoas.

Eu vi semi-milagres de Natal.

Eu chorei de dar risada com a minha irmã.

Eu vi o sol nascer.
Conversando,
voltando pra casa,
ouvindo música boa,
esperando o metrô abrir.
E sorri.

Eu fiz as malas mais uma vez.

Eu comecei tudo de novo.

















23 dezembro, 2011

Porque é Bom__

Diante de tanto assombro de passado essa semana, eu fui ler uma coisa muito velha que me escreveram. Muito velha assim, dos longínquos tempos de 2007 rsrs. Coisa complicada.
2007 foi um ano marcadamente bizarro na minha vida. Foi o ano que vim pra São Paulo, o ano que marcou que esse lance de tocar contrabaixo era pra valer, que tomei mais decisões que tinha condição, me abismei e encantei com pessoas excessivamente e, como convém a uma pessoa de recém-dezoito impulsiva que si só, tomei vários capotes.
2007 me ensinou a ser gente. Me deu idéia do que era necessário pra ser adulta. Pra viver nesse meio musical meio sujo, meio desonesto, muito menos encantador que o esperado.
De lá pra cá meus anos ímpar tem sido sempre estranhos e incrivelmente difíceis (não é nada cabalístico, na real só pensei nisso agora, quando tava escrevendo)
2007,
2009,
e 2011.
A palavra chave é aprendizado.
O meio comum é o sofrimento.
Lá pelo meio eu acho que não vou aguentar. Que isso já passou do limite, qualé que é mundo e coisas bem piores. Que não sou nem um pouquinho forte o bastante pra tudo isso.
Perco fé, perco esperança de um monte de coisa, não acredito em mais nada, redescubro um monte de coisas, de repente aparece alguém, complica tudo, tudo dá uma amainada, complica tudo de novo, os planos se frustram, eu fico ainda mais brava, fico um lixo, fico triste, fico desesperada.
E quando acaba, e eu pego o ônibus, volto pra casa, percebo que sobrevivi.

Dessa vez eu percebi que cada uma que passou, das grandes e sérias, fez com que justamente isso acontecesse - eu sobrevivesse. Que a Camila não se perdesse, não deixasse de existir. Cada vez que uma pessoa me derruba, geralmente as que eu gosto pra caralho, de qualquer forma que apareça, mal resolvida ou não, eu tenho que achar isso de novo. As coisas que me fazem ser quem eu sou. Inclusive características bem pouco agradáveis, ou complicantes que eu tenho. E olhar, pegar aquele pacotinho mal-acabado, molhado de chuva, de lágrimas, rescindindo a álcool e cansaço, e achar uma coisa bonita dentro. Achar que aquilo merece ser salvo. Não importa o porquê. Os motivos são aleatórios, às vezes nem motivo tem. Eu preciso ser salva. E é o que acontece.

Eu sou bem mais forte do que costumo lembrar em situações de desespero.

E a cada uma dessas mais difíceis me deram - e tem dado - uma coisa boa, esse conforto de ser eu mesma. Sem nenhuma presunção disso ser o máximo mas é o que, no fim das contas, você mais precisa ser convencido que vale a pena - e de fato vale. É o que de mais concreto você acaba tendo. Claro que a gente vai mudar, sobre uma infinidade de aspectos, mais uma porção de vezes na vida. Mas certas coisas, sobre si, sobre viver e como viver, e como fazer as coisas, e o que fazer, você tem que simplesmente assumir. Mesmo que seja por hora, mesmo que você mude depois. Isso é, pelo menos, um conflito a menos na vida rs.

Eu acho que nunca terminei um ano tão frustrada comigo mesma profissionalmente. Mas isso veio justamente dessa coisa de olhar pra si. Na beirada de janeiro já, nesse fim de dezembro, as coisas já não tinham mais como se acumular, e continuaram acontecendo. Eu já tava mais que nesse estágio do 'não tenho  força pra isso não' e de repente me toquei disso. Eu olhei em volta. Olhei pras pessoas. Pessoas que eu conheci, pude passar alguns dias perto, e pessoas que de repente permaneceram na minha vida esse ano. Pessoas que continuam aparecendo através delas. Pessoas que de fato eu ganhei de presente. Fiquei orgulhosa. Olhei pra trás, pra quem ficou, pra coisas que finalmente consegui superar, e fiquei ainda mais.
Eu admiti coisas sobre mim pra mim mesma. Sobre como eu vivo e como sinto coisas, principalmente em relação às pessoas. Sobre relacionamentos. Sobre fazer música. Sobre minha capacidade e [não] aproveitamento criativo. Daí bateu a frustração. Senti que não ando fazendo nada, há tempos. Mas sei que não é completamente verdade. Mas me senti em condições de ser honesta comigo mesma sobre isso. Sobre necessidade de estudar, sobre como fazê-lo, sobre tocar outras coisas, ter coragem o bastante de assumir coisas que sempre quis fazer e fui meio me perdendo e por isso requerem trabalho, mas são possíveis. E potencialmente mais satisfatórias. Pra dizer 'eu posso fazer isso', não porque é mais fácil, mas porque eu quero. Porque é bom.

Era simplesmente isso.
Claro que não só isso, teve mais merda acontecendo comigo e com pessoas à minha volta nesses dois últimos anos do que sou capaz de contar.
Mas isso é parte essencial.
Querer fugir de coisas que não gosto sobre mim mesmo, ou que eventualmente eu achava que prejudicavam minha relação com as pessoas - ao ponto de prejudicar minha forma de me comunicar por exemplo, o que é bastante importante pra mim - me renderam várias situações que só me afastaram ainda mais de resolver qualquer coisa. Querer ser o que outra pessoa esperava de mim não podia dar muito certo. Eu tinha que olhar pr'aquilo e ver até que ponto aquilo poderia ser mudado - e deveria sê-lo e por qual motivo. Por mim, e pela relevância daquilo na minha vida, e nas minhas próprias necessidades e prioridades.
Parece um discurso extremamente egoísta, eu sei, mas foi meu meio de sobrevivência recente.
Admitir que às vezes o que eu realmente penso ou faria à respeito de uma coisa não é o esperado por quem tá em volta. Que eu não acho certas coisas tão erradas quanto boa parte dos meus amigos, e que a gravidade de uma mesma ação é muito variável dependendo de quem está envolvido e quem - e como- sai prejudicado. Sem canalhice, sem trapaças ou nada assim. Eu nunca fui e duvido que algum dia consiga ser assim. Mas sem frescura também.
Me sentir confortável comigo mesma era uma coisa meio latente nos últimos tempos.
E sinceramente, me deixou mais calma. Mais complacente com esperar o que está por vire o tempo de resolução de situações muito complicadas. Menos afoita de provar qualquer coisa pra quem quer que seja.
Todas aquelas máximas do ano voltando à cabeça.
"Keep it simple" é a do Barry Green, que aprendi em outubro.
Aplicável à quase tudo, agora e sempre.

13 dezembro, 2011

Não Destrua as Coisas Bonitas

Isso é mais ou menos como um mantra de Ano Novo.
Ele diz "não destrua as coisas bonitas"
Deixe elas viverem em paz

Deixe que as pessoas se aproximem e toquem sua vida 
mesmo no pior momento que você possa estar vivendo
as relações são meio como flores que desabrocham e crescem 
ao seu próprio tempo
Deixe que elas sigam seu curso
Não pense que porque uma te feriu
ou se mostrou do avesso 
todas assim serão
Deixe que as pessoas sejam o que são
Se forem pequenas e vazias tanto faz
Se forem bonitas, deixe-as em paz

Não destrua as coisas bonitas
Não baseie todo seu julgamento do que acontece com quem está do seu lado
pelas suas próprias necessidades ou conceitos de felicidade
As pessoas são diferentes e nunca sonham igual
E talvez não pareça assim pra você,
e mesmo que você ache tudo ao contrário,
ou que mereceriam coisas melhores
abrace-os e festeje qualquer novo lampejo de felicidade em suas vidas
Escute-os e entenda que suas coisas bonitas
o são por outras razões que as suas 
mas ainda assim não devem ser destruídas.

Você será magoado,
seu coração despedaçado mais uma centena de vezes.
Nada muda com um nome ou data
Existem poucos milagres de Natal,
surpresas de aniversário ou promessas de Ano Novo
que façam valer uma mudança significativa.
Siga, com a maior firmeza de passos que conseguir,
mas não pise em qualquer pequena pérola 
que encontrar.
As coisas mais bonitas geralmente são pequenas
e difíceis de enxergar

Não destrua as coisas bonitas.
Deixem que pessoas te amem e cuidem de você
tanto quanto você gosta de fazer por elas
Permita que te deem, para que você possa dar
Você não vai resolver a vida de ninguém,
desista antes que fique mais cansado.
Simplesmente esteja. Fique. Permaneça.
Distância nenhuma impede corações bem-aventurados
Pode ser que seus amigos te esqueçam por um tempo
pode ser que você precise de um tempo afastado
Mas deixe-se voltar quando sentir apropriado
e deixe que voltem, 
mesmo com diferenças mal-resolvidas.
A falta que eles fazem é provavelmente muito maior
que qualquer necessidade de razão
ou justificativa de uma atitude qualquer.

Não destrua as coisas bonitas
Aproveite as conversas inusitadas que possam acontecer 
no metrô, numa fila de rodoviária,
numa balada gótica ou numa corrida no Ibirapuera
Mesmo que seja sobre nada,
mesmo que você nunca mais veja aquela pessoa.
Aquele agora é importante.
e pode ser ainda mais pra quem está do outro lado da conversa.

Não destrua as coisas bonitas
Deixe as pessoas que sorriem juntas sorrirem, 
não se meta a arriscar fazer alguém infeliz
Não importa o quão injusta ou mal-arranjada
seja a configuração das coisas na sua vida
ou que pareça que algo assim bonito 
nunca aparece desse jeito nela.
Em algum momento isso vai acontecer pra você.
Se não, destruir quem já o tem não vai fazê-lo menos infeliz

Não destrua as coisas bonitas.
Tudo que te aparecer vai ser diferente
e um carinho nunca será igual
a qualquer coisa que você já encontrou
Deslumbre-se com como as pessoas são fantásticas
como são boas em alguma coisa
-mesmo que seja no que você gostaria e ainda não consegue - 
e com a sorte que você tem delas terem aparecido.
Permita-se ser elogiado, 
permita que alguém goste de você depois de 3 dias
e queira ficar do teu lado.
Permita-se gostar de alguém depois de 3 dias
e querer tê-lo do teu lado.
As pessoas erradas vão continuar aparecendo,
mas isso não deve te impedir de ver as boas 
que continuam surgindo.

Não destrua as coisas bonitas
Aprenda que amizades são diferentes
e algumas pessoas nunca irão embora da sua vida
mesmo que você não as distingua tão bem ainda.
Que as piores impressões às vezes se revelam 
as melhores companhias.
E que algumas que levam tempo e esforço
tornam-se mais presentes que 
as imediatamente identificáveis.
Deixe que as pessoas vão embora.
E aprenda - o quanto antes - que o bonito passa às vezes
e lembranças não devem ser destruídas
mesmo diante de decepções.

Não destrua as coisas bonitas
Faça planos mirabolantes 
e acredite em sonhos absurdos.
Planeje viagens, repertórios, planos de estudo,
mude o lugar do seus móveis,
adote um cachorro,
qualquer coisa que te faça feliz.
Tente realizá-los e chame quem pode embarcar neles com você
pra te ajudar.
Planos conjuntos às vezes são infundados,
mas muitas, muitas vezes 
se mostram mais concretos e realizáveis.
Monte castelos de cartas
e guarde a resolução de quebra-cabeças pra você
até a hora certa de se fazerem revelados.
Aprenda a se realizar por si mesmo,
e para si mesmo.

Não destrua as coisas bonitas.
Se acostume a ficar sozinho, e
ver o quão isso pode ser bom também.
Essa situação vai voltar outras muitas vezes
e a cada uma você pode aprender um pouco mais.
Arranje o que fazer quando chegar em casa
e não tiver ninguém.
Aproveite o tempo que tiver ao lado de quem
faz realmente bem pra você
Chore.
Tantas vezes e o quão desesperadamente se faça necessário.
Ninguém vai conseguir tirar esse tipo de dor de você,
mas você pode ensiná-la a amainar no seu peito.

Não destrua as coisas bonitas
Não sinta-se culpado por rir quando deveria estar triste
saboreie os sorrisos,
as risadas e as piadas internas.
Nem tampouco sinta-se envergonhado
se ela te abater ainda na mesa,
ou se você não conseguir se mexer por causa dela
em mais uma manhã.
Pense e tente ponderar o que você vai aprontar
mas se errar, de novo, 
e de novo,
levante. 
Não tem mais nada que você possa fazer.
Não tome pra você toda a culpa que não é só sua
mas aprenda a lidar com as consequências do que faz.
É bem provável que você acabe se sentindo ridículo
vez ou outra
ou fique muito bêbado e faça um papelão.
Nenhum papel que não vá servir a outra pessoa
no dia seguinte.
Ainda assim,
cansado, sozinho ou muito triste,
olhe pro céu no fim do dia indo pra casa
e em qualquer nascer do sol 
que te ensine de novo
que cada dia pode te trazer coisas bonitas.







27 outubro, 2011

Music in Life_

  The closest thing of a religion I've ever had  in my life is music.
  There's something sacred for me about music, and doing music.
  That's probably one of the big reasons of the discussions and problems I have in my professional/student life.   Because somehow I expect from other people a different kind of respect about that were doing. Or unleast that they respect me, and my space, and right of doing that (on my respectful way) because that is kind of sacred for me.
  I don't know, for me if there's something, someone divine taking care of us in any way - doesn't matter if is this big, unexplainenable energy, a God or anything - and I really believe there is, this divine thing likes to show up on Art. And the moment I can feel it the most is when there's music around. When I'm listening, playing or whathever. That's the moment I can touch my own piece of spirit.
  Of course that's only how things are for me.
  I think we feel this good - whatever you like to call it, and howhever, spiritually or not, you prefer to classify it - when we're doing what we really love. That thing tha really makes sense on your life.
  Artists have luck. Usually this thing is their job. It's a kind of curse, but a good one.

  I've never solved my problems with drawing, you know. Drawing was the first thing I've really love in my life. Was my first way of express myself and to feel the world. And was the first (serious) thing I gave up of doing. And I still didn't find how to bring that back to my life completely.
  Drawing, painting, these are my spiritual things.
  My spiritual acts.
  So, it's pretty complicate to never solve my problems with that. That confuses my spirit.

  I have big problems with music too, of course.
  You know, faith problems.
  About the meaning of doing that, the real fuction of our jobs and the concrete reflexes and effects of our music on the world (and its real serious problems), or why we have to pass for the kind of crap we do to do a thing supposedly beautiful and artistic...
  Sometimes it's pretty hard. Sometimes it doesn't makes any sense. And I'm living a phase of this in the last months I guess, that was pretty intesified for some recent facts.
  So, I had to remember the reasons of my believing and faith on that in the last days, becase my unbelieving was growing up so big that it was starting to leave me no exits of my own disturbed mind.

  I believe in music because of all the times it saved my life
(for this you can read my peace of mind, my sanity, my will of living for some days more)
giving me something to do and think about.
  I believe in music because of all the times I've cried on a stage or in a theatre watching some concert.

  I believe in music because I remember when I used to go to concerts with my parents, usually to watch my sister playing, and spent all concert looking around, observing people, curtains, lights ans colours, imagining scripts of comic books I've never really written but that is still somewhere in my mind.

  I believe in music because since I was very young I imagine stories and things that would happen in my own life in near future about something, and all that always become very big and distant in time - and the moment I can do better this kind of travelling is watching a concert. And that's good, because sometimes to solve situations on my mind, just imagining possibilities is enough for some problems. Unleast for a while.

  I believe in music because of the voice of my mum, and how I've figured out someday when I was a kid, that when she sings everything's ok. ( even it's not for real.)

  I believe in music because of musicians that look to each other, and talk just with that, and because of the ones who totally give themselves to the music that moment and the ones who clearly have fun on stage.

  I believe in music because there's a lot of times that rehearsals were the  best part of my day, even if was just because in that moment I could see my friends and stop thinking about something.

  I believe in music because of the special people I'v met doing that, more than once in my life.

  I believe in music because of my dad playing guitar when he gets from work, and before get back to it.

  I believe in music because of the smiles I can't avoid when I'm playing even I'm really piss off or sad about something.
  I believe in music because of the concerts and because of the beer after.

  I believe in music because I've already had classes that changed my life and met teachers that touched my soul.

  I believe in music because it gave me freedom and hope, and responsability and compromise at the same time. And because it had make feel excited as no one could for a period in my life.

  I believe in music because it make you talk with and understand people from the other side of the world, no matter wich language you both speak.

   I believe in music because I believe in revolution. Social, spiritual, human revolution and that music can be a way to do it.

  I believe in music because of Venezuela, Russia, because of German and France, because of United States and Chile, because of Italy, Austria, Sweden and China.
  I believe in music because of Brazil.
 
  I believe in music because I don't think music necessarily makes somebody better, but it can change your life if you want it. And believe in that. Not as a magic potion or anything like that, but with people and for people who really work to that.

  And because, even you don't have any hope of that can change anything, it's already a hope to continue to do it.






17 outubro, 2011

I don't know...
simple as that...I'm in the second half of a bottle of wine and I'm thinking about you.
I was thinking about you before the wine
before the day,
before playing
and even before I've waken up.
You're already there
in my thoughts
in my dreams
you're always here (with me)
I don't know where you are.
Today I've gotten almost mad with you.
It took 5 seconds
and I back to became sad again
I can't forgget for more than 5 sec this missing in my chest
I can't pretend I'm mad with you for more than 3 seconds
more than that and my heart gets hurt
I miss you
and thats  killing myself
I miss you
and there's nothing I can do
You're not here
You're everywhere

13 outubro, 2011

I don't know when you'll gonna read this but...


This is about love and caress
This about me and you
This is about you disapearing
and is about my life getting every day more confuse
This is about your blank thoughts
and my disastrous spirit
This is about me and you

This is about a festival that even if had been
a totally fiasco
had been perfect
because I've met you
and you've met me.
This is about totally random conversations
about sitting on the the floor and never, never
can get to the shower
This is about me and you.

This is about me sniffing and smelling your sweaty t-shirt
until sleep
This about waking up from hour to hour
to see if you've appeared
This is about you and me

This is not about families,
about future or anything complicate in life
This is about the depth of your eyes.
This is not even about you running away
leaving my heart behind
This is about how I'm unlearning to smile.

This is about how young people
have old souls sometimes
and how older (young) people sometimes need to be save
This is about you and me.
This is not about any right of my to know about you
is about how without knowing
I don't know if  I'm alive.

This is about letters and no-forgetting
This is about understanding at first talk
This is not about bad trips,
and stupid alcoholic acts
This is about a glass of water
and days after
This is about you and I
trying to see the sky.

This is about your stories having their scenarios materialized
about a holiday's morning with no you anywhere
and me losing my mind for a sign.
This is about how I've figured out
that you're just a boy few times
and the most incredible and brave young man I've ever met.
This is about a girl who carries her own bass,
sometimes cries as a child
and is being care by a teenage guy.
This is about you and I.

This is about this huge hole in my chest
is about missing you every second
is about the most beautiful words somebody ever told me
This is about never forgetting
about seeing Rigoletto, new songs on the guitar
about lunatic plans for New Year's eve.
This is about you and me.

This is about finding a person
we thought was real only in dreams
about not feeling so alone
This is about crying in front of the computer screen
about to be lost and about finding yourself
This is about the empty sit by my side,
is about hold imaginary hands
and schizophrenic conversations walking home.
This is about complicate people
about uncertain futures and lots of questions
is about long sincere confessional
messages late at night
and about lose my breath with your voice on the phone.

This is about days getting brighter
about have luck and fear to lose it.
It's about feel my chest devastated
and the nights starting to never end.
This is about feel regret about things I didn't pay atention 
This is about your missing
and the days passing by
about desperate trips
and about never wake up of a terrible nightmare.

This is about hope and waiting
and days with no ends or begins
It's about hold your little box
hopping that can bring you back
This is about all the sad songs that predicted
what was about to happen.

This is about how unpredictable life is
and how happy you make with one smile
It's about how I would trade don't know how many
years of my life
just to see you smiling again.
This is about how we change every 5 min
is about writers, poems
and about start to make your own songs.
This is about inspiration,
about new breathing
This is about believe, learn, and relearn.
This is about you and me.

This is about look at you sleeping
and feel that I'm in the exactly place I would like to be
This is about be accepted, be loved
and feel safe
This is about no need of faking anything
This is about you and me.
This is about growing up
and how we all have to learn that everyday
This is about developing new dreams
and never give up of the old ones.
This is about forgetting and rediscover dreams.
This is about feeling, this about faith 
This is about me and you.

This is about corners, changes on the way,
about different worlds and different perceptions
This is about how we can had wrong a lot
and even then be perfect to each other
This is about you and me.

This is about how we can't see ourselves sometimes
and how the time must pass
This is about accepting, about caring
about try to bring you back
This is about hanging up
and it's about try again
This is about stars shinning brighter
and about talk to you in my dreams
this is all about hope.


This is about you [not here]
And me [waiting for you]


This is about Stephan.
This is about Camila.
And just us can understand.







25 setembro, 2011

E então, em meio a uma semana sem vontade de acordar, sem sono pra dormir, de crises, broncas e saudade, uma luz de inspiração e vontade enorme nos ensaios e concerto da Tom. Algumas pessoas, poucas que eu tive o privilégio de já ter encontrado ou conhecido na minha vida, tem uma coisa assim - de fazerem a música meio sagrada. Não com pose, discurso, ou qualquer tipo de pregação ou mesmo de intenção em fazê-lo, simplesmente vivendo-a e fazendo tudo com uma sinceridade e um amor imenso por aquilo. Essas figuras, com um quê meio mágico, com essa coisa encantadora de falar com os olhos, de calar com uma nota longa, com uma frase de improviso. Toninho Carrasqueira é um filho de Pan, foi isso que me veio à cabeça, ouvindo contar a história do deus no concerto. Aquela minha desconfiança lúnatica com as pessoas do tipo - aaah, você fala disso com uma familidariedade grande demais não? Mas mais que qualquer possibilidade fantástica, Toninho é filho do seu pai. E conta o que lhe foi contado, fala de tudo que quer passar pra gente daquele jeito indescritível porque aquilo faz parte dele tanto quanto possível, Eu sou filha do meu pai, eu sou filha da minha mãe. Daquelas que passam por inúmeras inegáveis situações que levam a lembrar disso. Como disse muito bem o Gustavo uma vez, a gente foi fazer música porque gosta de música. Por mais simplista que soe, é a melhor definição que já encontrei. A que engloba essa coisa toda de crescer ouvindo muita coisa, daquilo ser um negócio meio visceral pra gente - coisa que vem do disco do meu pai pulando na vitrola, da minha mãe cantando na cozinha. Música na minha casa e na minha criação por assim dizer, é tão essencial quanto comer, dar risada e tomar café. 



17 setembro, 2011


"Se já estou morto e não sei,
a quem devo perguntar as horas?
Se acabar o amarelo,
com que vamos fazer o pão?
Quantas igrejas tem o céu?
É verdade que as esperanças
devem regar-se com orvalho?
Por que choram tanto as nuvens
e cada vez são mais alegres?
Que acontece às andorinhas
que chegam tarde ao colégio?
É verdade que espalham
cartas transparentes pelo céu?
Quantas perguntas tem um gato?
As lágrimas que não choramos
esperam em pequenos lagos?
Ou serão rios invisíveis que correm para a tristeza?
Como se mede a espuma
que derrama da cerveja?
Que faz uma mosca encarcerada
num soneto de Petrarca?
Até quando falarão os outros,
se nós aqui já falamos?
Quantos anos tem Novembro?
Quem gritou de alegria
quando nasceu a cor azul?
É verdade que no formigueiro
Os sonhos são obrigatórios?
De que ri a melancia quando a estão assassinando?
Não é melhor nunca do que tarde?
Amor, amor, aquele e aquela,
se já não são, pra onde foram?
Ontem, ontem, disse a meus olhos
quando voltaremos a ver-nos?
Quantas semanas tem um dia
e quantos anos tem um mês?
É porque tem que morrer
ou porque tem que viver?
Onde encontrar uma sineta
que soe dentro de teus sonhos?
É verdade que a tristeza é larga
e estreita a melancolia?
A quem posso perguntar
que vim fazer nesse mundo?
Por que me movo sem querer,
por que não fico parado?
Também não pode matar-me um beijo de primavera?
Sofre mais quem espera sempre
ou quem nunca esperou ninguém?
Onde termina o arco-íris,
em tua alma ou no horizonte?
Talvez uma estrela invisível
seja o céu dos suicidas?
Para onde vão as coisas do sonho?
Vão para o sonho dos outros?
E onde o espaço terminas
e chama morte ou inifinito?
E como se chama esse mês que fica entre Dezembro e Janeiro?
E que importância tenho eu
no tribunal do esquecimento?
"................................do Livro das Perguntas__Neruda

"Você precisa tomar um sorvete
Andar com a gente
Me ver de perto"

__às vezes eu acho que tudo que meus amigos precisavam era ouvir Baby - ouvir, sentir.
Sem mesquinhez de alma com ninguém.
(Tô na rodoviária com uma versão bizarra da marcha nupcial do Mendelssohn chegando de algum lugar ao fundo)
não são todos, não é sempre, claro que não.
Mas às vezes acho que falta empatia. Falta um pouco daquela irrelevância de anos atrás com coisas que ainda que problemáticas, podem não ser tão importantes por hora. Falta gostar de ver amor, gostar de ver quem você gosta feliz. Tem vezes que é difícil, a gente é egoísta. Quer tudo quando a gente quer, não tá nem aí se a hora passa.
Eu já tomei inúmeras decisões erradas. Precipitadas, medrosas, covardes, difíceis. Erradas. Da maior parte não me arrependo. É mais ou menos o único jeito da gente aprender. Eu tento mais ou menos não culpar ninguém por elas. Algumas me fizeram perder coisas boas, ou perder de saber o que seria. Minha empatia exarcebada permanece, meu coração afoito continua batendo fora de compasso, e no momento poderia sentar em qualquer lugar e gritar pra qualquer precipício que sim, estou muito feliz. E acho que mereço estar, e aproveitar o que é que eu tenha pra viver.
Almost running
Almost thinking
Listening to the Juliet's sing
Almost here
Almost there
I'm starting to get lost in my dreams
Almos conscient
Almost midnight
Stop just staring the cealing
Almost madness
Almost sadness
Lost in your [blank] thoughts
trying to reach you with words in my mind
Almost painful
Almost completly lost
Our distance is only in their heads
Almost fucking angry
almost totally drunk
Losing my mind with the same old little things
Losind my feet of the ground
Almost deception
Almost gave up
The world keeps running
the same way that before.

09 agosto, 2011

ouvindo a mesma música,
mais uma, outra e todas as vezes.
é estranho ouvir minha própria voz,
não é como ouvir músicas-vício da semana,
é como estar tocando e cantando de novo e de novo
com a certeza de que sei exatamente do que a letra fala
(não aquela sensação meio ilusória que temos com as tais músicas que ficamos viciados pelo momento)
vendo fotos de novo e de novo, sorrindo com as mesmas,
achando pedaços de nós em outras,
lembrando, sentindo, querendo.
sorrindo e quase chorando.
pode ser a maior bobagem, pode ser que esteja exagerando, que não seja nada disso do outro lado,
que não tenha nenhuma saudade recíproca, pode ser até da minha acabar passando.
mas agora acho que não.
agora quero pensar que é tudo verdade,
que você não se esqueça,
que você apareça,
que eu vá correndo te dar um abraço.
agora eu posso imaginar o que quiser, achando um barato pensar que pode mesmo ser de acontecer,
agora posso inventar viagens pra quantos anos forem no futuro,
procurar passagens em promoção pra logo mais,
achar que tem coisas em comum demais
e que as de menos só tornam isso mais interessante.
hoje posso pensar que não tem nada de perfeito pra se encontrar no mundo,
mas também que coisas boas aparecem
mesmo que demorem tanto tempo que você fique meio ressabiado à princípio
hoje posso pensar que as coisas boas são perfeitas.
(porque são o mais próximo disso que se pode achar)
posso estar me sentindo sozinha como nunca
e ainda gostar tanto do porque a ponto de parecer que vale mesmo a pena.
hoje posso dormir tarde,
posso não dormir,
esperar uma notícia,
tirar férias de pensar em grandes planos e cuidar do agora.
hoje posso voltar a acreditar em uma porção de coisas bonitas,
posso voltar a sonhar e querer,
posso reler suas palavras,
me deparar com a tristeza (tanta) e então estamos mais próximos.
posso pensar que no fim das contas as coisas dão certo,
querendo, amando, sonhando,
e você nem está aqui, e pode até já ter esquecido,
mas pode ser também que não.
então você volta, eu volto,
e tudo vai ser mais engraçado.
então eu te vejo, busco sua mão, e sorrio pensando,
você não está aqui e está em toda a parte.

06 agosto, 2011

Duas coisas boas nasceram hoje - 2 músicas ganharam suas primeiras versões.
uma delas com direito ao meu pai no bandolim - o que rendeu um toque Bob Dylan brazuca bom demais pra ela.

a coisa difícil mesmo foi perceber que a saudade é maior do que gostaria que já fosse - e há dias já é assim - que o carinho é maior do que você tinha percebido, e que as palavras são mais de verdade do que você gostaria que fosse.
"And even if you're gone to long before me there's no way i can see why to not stay right here" é provavelmente das frases mais dolorosamente verdadeiras que escrevi sobre alguém na minha vida - não porque ser exageradamente dramática, mas veredicamente dramática.



e essa saudade sem meio de comunicação? como faz?....

05 agosto, 2011

'hey slave, can you please help me to bring some chairs to make a stool to me?'

obvisiously he wasn't my slave for real. and even more obvisiously he didn't help with that because he had to do some absurd other function that was his job.
but he carried me on his shoulders for two weeks and made me remember things i've forget for too long and to forget things that really don't worth enough to provoke all the stress usually do on me

he made me have the wish to believe again.
and someday i've just started.

07 julho, 2011

um dia eu fiz uma limpa nesse blog e tirei boa parte das coisas publicadas no começo - coisas bonitas e confusas que se tornaram pesada pra mim com o passar do tempo, ou bobas o bastante para que quisesse tirá-las.
ainda assim ele continua basicamente um apanhado de momentos alternados de "desesperamento" e esperança apaixonada......


.......ou uma pilha de cartas nunca enviadas e pouco compreendidas pelos destinatários.


(na boa definição alheia, eu podia aprender só um pouquiiiiiinho mais rápido rs)
Bom, acho que é mais ou menos assim que as coisas acontecem:
você se magoa de uma maneira inimaginável,
descobre que não tem graça nenhuma qualquer coisa que parecia ter algum sentido antes,
fica cronicamente decepcionada com o mundo,
faz uma sequência de mal-pensadas impulsividades,
descobre que ficar sozinha é muito mais legal, que você gosta daquilo mais do que gostaria de admitir - tudo à respeito de andar sozinha, fazer compras sozinhas, cozinhar e beber uma garrafa de vinho com o melhor macarrão ou salmão quase cru com pão preto que você poderia fazer naquela noite,
e que não tem nada de interessante em tentar coisas com pessoas que potencialmente gostam de você mas não tem nada a ver com você nem estar com você ou sua vida,
e que seus amigos são os melhores,
e que seus amigos são as pessoas mais difíceis às vezes, e que parece que só aquelas pessoas que você consegue ver uma vez ou outra na semana é que conseguem conversar com você, ou entender o que você fala,
que você precisa dar um tempo da existência social,
que estudar sozinha quieta no seu canto, pensando e planejando coisas absurdas é muito mais divertido quando ninguém te enche o saco,
que tem muitas outras coisas que você quer e precisa fazer e está mais que na hora de fazer planos legais que de fato se realizem.
E finalmente se vê no seu desejado período-semi-monástico
e então seu humor melhora,
sua esperança volta,
você monta projetos malucos com seu melhor amigo,
não consegue pô-los bem em prática, outras crises aparecem,
coisas piores acontecem, inclusive com seu melhor amigo, fica muito triste e quase que totalmente sem esperança com essa coisa toda do amor-um-dia
você lembra porque começou a fazer aquilo, porque gosta tanto daquilo,
conhece pessoas inspiradoras, pessoas admiráveis,
lembra quantas delas você já convive na sua vida,
e conversas sérias se repetem,
você ouve coisas pesadas, se desespera, se desanima e anima na mesma semana,
recomeça tudo porque ainda não é tarde demais,
fica muito puta com as mesmas coisas de sempre, faz promessas do impossível, sente uma saudade cortante de quem tá longe demais,
sente saudade de você, de quem não quer mais estar ali.
Discute com todo mundo, foge de todo mundo,
percebe que ninguém tá percebendo muito o que tá acontecendo,
começa a se divertir em momentos inusitados e com coisas que normalmente todo mundo reclama (bom, na verdade isso é algo recorrente na minha vida),
ganha oportunidades de comprovar que preconceitos antigos e superados eram de fato muito babacas,
ri muito disso com quem te fez aprender isso,
ganha boas companhias para trajetos sonados,
faz amigos sem nem se dar conta,
fica muito feliz de tocar com seu naipe, como há anos não acontecia,
volta a gostar de tocar em orquestra simplesmente por ser uma coisa que te diverte e faz bem,
lembra o quanto gosta de aprender,
e o quanto tem pra aprender,
se deslumbra,
vai ver a orquestra que sonha ver há séculos, aperta a mão de um daqueles seus ícones de admiração, bate palmas por 5 min,
sente um calor e uma esperança com aquilo tudo,
faz novos planos mirabolantes futuros,
fica revoltadíssima, cheia de idéias, cheia da vontade mais que necessária,
fica feliz,
bebe muito com seus amigos,
dá muita risada,
e acaba uma discussão ideológica às lágrimas, como sempre,
e com um abraço, o que é novidade,
e uma dessas censurinhas recorrentes de "você sempre faz isso, você é muito deprê".
tem um dia seguinte pra lembrar que não é mais tão nova,
pra se surpreender com um cuidado bonito,
passa um dia com sua família paulistana, ainda que bem incompleta,
sente um conforto de ter pessoas tão doces numa cidade tão bagunçada,
se sente perdida, desiste de brigar,
fica muito cansada, se enche de esperança de julho,
se empolga com conversas de semelhanças, se pega se divertindo mais do que deveria, gostando mais do que deveria,
provoca burradas,
fica estranhamente feliz de perceber arrependimento
e o quanto aquilo faz parte de um acreditar que não tem a ver com moral, mas com carinho, que você conclui que felizmente também não perdeu afinal.
você vai embora, todo mundo vai meio embora até agosto,
e então tem a saudade.
(estranho como as coisas que eu menos consigo entender mais me ensinam)




08 fevereiro, 2011

Então eu parei pra pensar em todas as coisas que ficam rondando a minha cabeça, o calor estranho no peito ao te dizer bom dia, uma quase saudade automática ao ir embora. Nossa, como eu sou criança, eu penso às vezes, e penso que preciso de terapia mesmo já faz tempo, fico aqui fugindo dessa coisa gigante que é pensar sobre si mesmo, correndo de um lado pro outro com uns sonhos malucos, uns antigos que nunca corro atrás e todos esses novos que foram surgindo de uns 2 anos pra cá e não sei bem como lidar, encaixar esse cronograma de disciplina diária tão necessário nessa vontade de correr o mundo, mudar o mundo, dividir o mundo com alguém, meu deus, como me machuca esse silêncio, esse fim de tarde embriagada, e pode ser que esteja inventando, pode ser a maior bobagem eu achar que posso acabar sentindo sua falta todos os dias até o fim da semana porque as coisas mudam em menos de um mês, de um dia, de uma manhã e acabam machucando até nossa vontade de viver, mas eu estou aqui sentada te dizendo apenas que gosto muito das nossas conversas e de passar esse tempo com você, dando risada e falando da vida, e que queria que isso fosse sempre assim, sempre possível. Sabe, as pessoas precisam mesmo parar pra pensar às vezes, e agora é não menos que essa hora na minha vida, talvez seja na sua também, e embora tenha vontade de sair correndo, parece que não consigo escapar disso, como da vontade de te abraçar mais demoradamente do que deveria, não me leve à mal, é só um carinho bobo que me enche o peito, às vezes ele acaba passando, talvez não, mas de qualquer jeito eu vou acabar andando meio longe e morrer de ciúmes estrategicamente disfarçados, e voltar pra mais uma hora de escalas, e desistir de pensar sobre isso pra pensar em regularidade de arco, cor de som e essa coisa toda de qualidade que parece quase inalcançável alguns dias.
Não se assuste com isso, nem com nada que te digo, vou acabar percebendo que é uma grande bobagem, que eu não páro de inventar histórias que só me causam mais problemas, que eu gosto mesmo de beber cerveja com você e é só isso mesmo que importa, porque no fim das contas você vai embora andando, vai se divertir e ficar feliz, ser feliz, dá tudo certo nessas histórias por fim, e eu vou pra casa fazer uma porção gigante de shimeji, e chorar porque as coisas acabam, as coisas passam, ou nem durar duram, e eu acabo não entendendo nada, e vou beber um pouco demais e talvez não consiga acordar tão cedo, mas do mesmo jeito no dia seguinte estarei lá tagarelando com você e gostando disso até que me deixe meio confusa, e perceber que o tempo precisa passar. E perceber que gosto de ver você feliz, que gosto de ficar sozinha e finalmente conseguir passar um período meio monástico pro meu padrão dos últimos tempos, que gosto de ver as fotos dos meus amigos mesmo que tenham aquelas pessoas que não gosto, ou aquelas que você não entende como foram parar lá, e que de repente nem é pra entender, mesmo que um pouco disso seja só vontade de estar lá também.E quem sabe dessa vez resista aos surtos bobos de carência, à vontade de falar mais do que devo pra você, e fazer qualquer besteira impulsiva pra fugir dos resultados dessa última. Ou talvez invente de te escrever, passe noites cantando sobre saudade, beba demais, chore demais e acabe esquecendo.
Saio pra caminhar numa tarde quente de fevereiro - eu gosto de ver as pessoas quando andam no parque ou correm, um registro de cagüetes, pequenas manias, os sons das risadas entrecortando as conversas, e da respiração do esforço - e o calor me sufoca, mas meu coração não se apressa. É estranho o sossego que sentimos às vezes, depois de meses perturbados. E essa coisa de um, dois dias me deu uma vontade de tocar, de acordar cedo pra estudar, caramba, como eu odeio acordar antes das oito, e ainda sim me voltou um gosto por fazer um copão de chá e sair cedo de casa que não tinha há sei lá quantos meses. Então talvez seja mais que hora de parar de chorasmingar, e de ficar enfurnada com todo o mofo e calor e ar-condicionado e consequente choque térmico, com todas as escalas necessárias, todas as possibilidades passíveis de esforço, os planos um pouco aloprados, mas que ainda acredito, todo o eu e tudo isso.
Não sei como ou quando vou reaprender a fazer promessas e planos conjuntos com alguém, até gostar muito anda sendo uma coisa pé atrás, e sinceramente não gostaria que esse tipo de esperança me atacasse com você, pelo menos não nessa configuração fadada ao fracasso.
E além do mais, gosto de te ver assim, sorrindo.
Toda essa desesperança realista com sentimentos não lhe cai bem, com todo seu realismo com as outras coisas. E provavelmente não seria boa em te animar. Não, prefiro você sorrindo.

06 fevereiro, 2011

"Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem"
(Caio Fernando)


Sentei e fiquei olhando umas fotos suas e pensei que você pode mesmo acabar sendo muito feliz
(parece que já é até)
assim, sem fingir que alguma coisa não é complicada na vida, nem nada, mesmo que eu ainda tenha muito essa coisa de acreditar,
e me senti egoísta e tola.
E senti esse carinho imenso no meu peito e uma vontade louca de te ligar pra agradecer por tudo da semana - simplesmente por você merecer.
E não sabia se era vontade de chorar ou só de achar outra coisa pra pensar, e a consciência martelando às três da manhã que já é hora mesmo de ficar sozinha e aprender que isso é bom também, e eu lá querendo desejar que desse tudo certo pra você ficar feliz, e pensando que minha vontade mesmo era sentar com você e conversar de qualquer séria ou passageira da vida até o dia clarear e ficar com muito sono, como se isso fosse tudo que importasse.

não somos mais crianças, já aprendemos tanto sobre se machucar e sobre as coisas não adiantarem às vezes, e ainda não sabemos de nada.
‎"Claro,é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda,as coisas por natureza já são tão duras para mim que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais." (Caio Fernando)



então veja você, é preciso saber reconhecer o fim das coisas.
sei o quão absurdo isso soa vindo de mim, mestra em não gostar de resolver as coisas, e nem terminá-las.
talvez eu esteja crescendo.
talvez esteja apenas ficando mais triste.

duas conversas no carro pra concluir (novamente)
- que o amor não torna tudo possível
- que você acreditar numa coisa não valhe quase de porcaria nenhuma pra fazê-la acontecer, se a outra pessoa envolvida não acreditar e se dispõe tanto quanto você
(e uma novidade, que você ser honesto tende a deixar as pessoas ofendidas e com uma tendência a te culpar e acusar de insensibilidade)
(eu não me sinto insensível. nem um pouco megera, deveria acrescentar)

tudo que eu penso é que não é muito possível construir uma coisa com alguém numa fase de pensar em si, no sentido de se tornar muito egoísta, por estar prestando tanta atenção nas próprias coisas, que pára de prestar em você - de um jeito realmente incômodo.
e veja, pensar em si mesmo é extremamente importante, eu sei o quanto eu mesma realmente preciso parar pra fazê-lo de fato.
então acho que a gente tem mesmo que cuidar de si, quando isso se faz necessário na nossa vida.

porque, eu não quero parecer egoísta, mas diante de tudo que tem acontecido nos últimos anos, me sinto no direito de evitar algo que pode vir a me magoar, enquanto ainda é tempo.
talvez seja o começo de começar a pensar em mim.


(e me convencer que eu posso ficar sozinha, e bem. )