25 setembro, 2011

E então, em meio a uma semana sem vontade de acordar, sem sono pra dormir, de crises, broncas e saudade, uma luz de inspiração e vontade enorme nos ensaios e concerto da Tom. Algumas pessoas, poucas que eu tive o privilégio de já ter encontrado ou conhecido na minha vida, tem uma coisa assim - de fazerem a música meio sagrada. Não com pose, discurso, ou qualquer tipo de pregação ou mesmo de intenção em fazê-lo, simplesmente vivendo-a e fazendo tudo com uma sinceridade e um amor imenso por aquilo. Essas figuras, com um quê meio mágico, com essa coisa encantadora de falar com os olhos, de calar com uma nota longa, com uma frase de improviso. Toninho Carrasqueira é um filho de Pan, foi isso que me veio à cabeça, ouvindo contar a história do deus no concerto. Aquela minha desconfiança lúnatica com as pessoas do tipo - aaah, você fala disso com uma familidariedade grande demais não? Mas mais que qualquer possibilidade fantástica, Toninho é filho do seu pai. E conta o que lhe foi contado, fala de tudo que quer passar pra gente daquele jeito indescritível porque aquilo faz parte dele tanto quanto possível, Eu sou filha do meu pai, eu sou filha da minha mãe. Daquelas que passam por inúmeras inegáveis situações que levam a lembrar disso. Como disse muito bem o Gustavo uma vez, a gente foi fazer música porque gosta de música. Por mais simplista que soe, é a melhor definição que já encontrei. A que engloba essa coisa toda de crescer ouvindo muita coisa, daquilo ser um negócio meio visceral pra gente - coisa que vem do disco do meu pai pulando na vitrola, da minha mãe cantando na cozinha. Música na minha casa e na minha criação por assim dizer, é tão essencial quanto comer, dar risada e tomar café. 



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