Por motivos bem óbvios, eu passo a maior parte do ano sem ver estrelas.
Normalmente quando eu vejo um céu estrelado quer dizer que eu estou realmente em casa, ou bem longe dela.
Quando eu tinha uns nove, dez anos eu tentei mostrar o céu pro Nicolau depois da sua primeira grande fuga, pra que ele pudesse achar sempre o caminho de casa pelas estrelas. O Nicolau era um gato e não deu muita bola pr'aquele papo estranho, e voltou a sumir diversas vezes depois disso. Até uma vez em que não voltou mais. E talvez ainda mais por isso, eu mantive por um bom tempo uma fé infantil de que estrelas podiam traçar teu caminho pra casa.
Eu nunca aprendi direito qual constelação fica pra qual direção e como elas podem ser realmente usadas pra isso, mas tinha um catálogo de nomes, histórias de piratas e desenhos que comprovavam que isso era plausível.
Hoje eu olho pro céu e penso se tal ou tal pessoa está naquele mesmo momento olhando pra ele também.Se podemos ter certeza de alguma coisa, é que todo mundo, em algum lugar, está debaixo do mesmo céu - e isso é, de certa forma, um consolo quando você não bem certeza de como estão.
Quando alguém viaja pra longe, ou começa a fazer muita falta, eu acabo invariavelmente olhando pras estrelas e me perguntando se ele ou ela vai achar o caminho pra casa. Geralmente de um jeito gostoso e mais carente do que deveria, mas algumas com quase o mesmo medo que sentia quando meu gato sumia depois do muro. Sem certeza alguma da resposta. Com um medo danado no coração.
A gente às vezes quer ser a casa de alguém. Que queiram voltar pra gente depois de um caminho longo ou uma viagem cansativa. Que a gente faça uma falta danada pra alguém que uma faz uma falta danada pra gente.
E fica esperando que um dia voltem.
Que apareça alguém que, mesmo indo muito longe, te leve, seja no coração ou na poltrona ao lado.
Eu continuo fazendo pedidos quando, por uma bamba, pego a primeira estrela surgindo no céu.
26 dezembro, 2011
mais ou menos tudo sobre 2011__
Um ano sobre cansaço, insônia, madrugadas compridas,
sofrimentos instantâneos e duradouros além da conta,
questionamentos,
perda e recuperação de diversos tipos de fé,
bons amigos e novos bons amigos,
e sorrisos incomparáveis.
Porque no fim das contas, todos os anos tem algumas [muitas] coisas boas que acontecem
Sobre o que fazemos por amar os outros,
por se apaixonar de bobeira,
e por amar a nós mesmos.
(e que costumamos esquecer)
___________________________________________
Eu quis que tudo fosse mais simples,
mais fácil.
Depois percebi que não tinha nada a ver.
Eu corri.
Eu voltei a ser totalmente sedentária.
Eu parei de comer.
Eu me apaixonei.
De verdade. Mais que uma vez
e de maneiras completamente diferentes.
Eu fui impulsiva e muito.
Por motivos bons e sem arrependimento.
Eu comprei um livro do Thomas Pynchon pra mim de aniversário/Natal.
Porque eu entrei na Cultura, fui ver livros em inglês e trombei com ele
daquele jeito com puta cara de sinal
(pra pessoas que veem sinal de alguma coisa desse tipo pelo menos 7 vezes ao dia)
Eu não tinha idéia de quem era Thomas Pynchon até julho desse ano.
Eu fiz berinjela assada mais vezes do que meu corpo podia lidar
com um copo de azeite num prato só
Eu comprei Santa Helena num dia de outubro por pura saudade
Eu bebi pra dormir.
Eu passei duas semanas acordando de hora em hora toda noite
pra ver se tinha qualquer notícia.
Eu acumulei garrafas na varanda.
Eu conheci quem me inspirou a começar tudo isso.
E outros que me inspiraram a continuar.
Eu acordei chorando de perder as contas,
eu chorei muito mais vezes do que seria recomendado prum corpo desidratado.
Eu gritei e bati na parede,
atirei coisas longe,
eu chorei no corredor
e no banheiro do bar.
Eu escrevi cartas. De verdade.
Que se manda pelo correio.
Responderam minhas cartas.
Perderam minhas cartas.
Eu quase chorei no meio de um recital.
Tocando o quarteto do Brumby.
Eu sempre quis tocar o Brumby, mas não a ponto de chorar.
Eu fiquei puta pelo menos 106 vezes
com o fato das pessoas não enxergarem o que tá na cara delas.
Eu voltei a cozinhar por puro amor próprio.
(e saudade de casa)
Eu perdi a fé quase que absolutamente em casais envolvendo músicos
e na possibilidade de ter alguém realmente do meu lado.
Eu toquei muito bem numa palestra do Barry Green.
Sem aquecer. Sem nunca ter tocado no baixo antes.
E me senti incrivelmente bem.
Eu pulei uns 5 metros pra dentro de uma cachoeira.
Mas provavelmente teria arregado se a Val não tivesse ido primeiro.
Eu chorei com músicas demodê
e com coisas bregas
e coisas que nunca vi a menor graça.
Eu falei sozinha na rua a ponto de olharem estranho pra mim.
Eu conversei várias vezes com o Stephan estando sozinha.
Eu passei a cantar alto quando meu fone quebrou
(e eu voltei a ouvir as pessoas)
Eu quase chorei em quase todos os concertos da Tom.
Nos outros eu chorei pra valer.
Eu toquei músicas de pessoas
e com pessoas
que me ensinaram o que era amar
antes mesmo de ter consciência disso.
Eu me orgulhei de perder a conta
de ser amiga de certos amigos extremamente talentosos
(e mais extremamente ainda pessoas maravilhosas)
Eu fui comprar material de desenho no fim do ano
e não era pra mim.
(Mas comprei uma pena nova pra mim
porque achei que merecia.)
Eu desisti de falar com alguém do meu lado.
Eu percebi que existem pessoas no mundo
com quem você pode ser muito feliz tocando junto.
Eu bebi antes das 7 da manhã.
E não fiquei bêbada.
Mas não fiquei mais triste também.
Eu fiquei orgulhosa de mim por coisas bobas.
E pensando depois, foi realmente importante.
Eu revelei fotos.
Eu pus um monte delas na parede antes das oito da manhã.
E voltei a dormir.
Eu não quis voltar pra casa.
(Na casa só tinha fotos esperando.)
Eu tomei um shot e fui pra vida.
Eu nunca vi tantas pessoas chorando em mesas de bar.
E por motivos realmente consideráveis.
Eu me encontrei em um monte de pequenos momentos musicais.
Eu me perdi totalmente da razão.
Eu me encontrei comigo mais vezes do que gostaria
Com direito a gritos, brigas e abraços de saudade.
Eu encontrei pessoas pra conversar
e entender.
Pessoas com quem sonhar.
Eu fugi.
De pessoas, situações, testes, do meu contrabaixo.
De mim.
Eu não quis morrer.
Mas também não dava a mínima pra viver.
Eu tive muito, muito medo.
Eu recebi elogios inesperados.
Inusitados.
De pessoas que eu realmente admiro.
E fiquei orgulhosa de mim.
Eu fiz brindes e quebrei taças.
Eu escrevi uma pilha de cartas que não foram enviadas.
Que não tem data certa pra serem.
Eu fui no Municipal ver o John Malkovich
(e eu realmente achava que nunca ia vê-lo no teatro)
ver meus amigos tocarem,
ver minha professora tocando meu solo de ópera preferido.
Eu fiquei sozinha.
De novo,
e de novo
e de novo.
E percebi que é normal.
Percebi que eu gosto muito
e odeio ao mesmo tempo.
Eu disse 'foda-se' e me diverti pra caralho.
Eu escrevi músicas.
De harmonia besta,
mas sinceras de doer (pelo menos no meu peito)
Eu gravei uma com meu pai.
Eu voltei a andar de skate.
Fiquei bêbada e tomei um puta tombo
-tudo dentro do previsto.
Eu me surpreendi sentindo mais saudade
do que esperava.
do que deveria.
Mais do que um dia achei ser possível.
Saudade de uma semana,
saudade de ônibus saindo da rodoviária voltando pra Sampa,
saudade de ônibus voltando pra Curita,
saudade de avião e de problema não solucionado
saudade fechando a porta do carro.
Saudade de tempo todo,
saudade de casa,
de quem ficou pra trás e mudou,
saudade do 'até quando?'
do 'quando de volta?'
do 'quando?'
saudade inesperada,
saudade temida
saudade chorada,
saudade aos berros
e no maior segredo.
saudade de um dia,
de umas poucas horas,
do que eu nem lembrava mais,
de quem eu finjo que não sinto,
de que eu me acostumei a sentir,
saudade de mim.
Eu acreditei em recuperações, em reviravoltas,
em milagres, em promessas,
em tudo de absurdo relacionado à mudanças.
Eu mandei tudo à merda.
Eu fiquei preocupada.
Desesperada.
Compulsiva.
Sassariquenta,
Confusamente bilíngue,
Tonta que só,
Triste que só vendo,
Brava,
Absurdamente possessa,
Semi-zen,
Riso fácil,
Bêbada,
Medrosa,
Engraçada,
Impulsiva,
Alegre de dar gosto,
Absolutamente maluca.
E daí voltei meio ao normal.
(todas as anteriores incluídas)
Eu quis ir pra casa,
que esquecessem meu nome.
Que se lembrassem de mim.
Que percebessem.
Que entendessem.
Eu quis parar de chorar.
Eu não consegui.
Eu ganhei cds incrivelmente bons de amigos
que realmente sabem fazer música
e te fazer dar risada.
Eu vi meus exemplos de força
parecendo tão frágeis.
Eu fiquei tão triste
que quase não percebi quem tava triste também.
Eu arrumei pela última vez do ano a casa,
pra estar bonitinha quando voltar.
Ouvindo música e cantando alto.
E senti um negócio rasgando meu peito,
doído de verdade.
Fui me despedir dos meus amigos.
Pra viagens, férias, viagens de trabalho e de sonho.
Respondi mensagens do outro lado do mundo,
fiz amigos por osmose.
Eu desenterrei músicas.
Eu ouvi a mesma música um milhão de vezes.
Eu consolei pessoas
quando já não achava coisa nenhuma pra acreditar,
muito menos pra dizer.
Percebi que acabei parando em dois lugares
onde me faz muito bem estudar
E que não existem turmas perfeitas,
mas as nossas chegam bem perto.
Minha família aumentou,
meu coração estreitou,
e voltou a ser corajoso que si só.
Eu perdi meu quarteto,
mas ganhei um trio.
E um duo pro próximo ano.
(2 ou 3 às vezes é muito mais que 4)
Eu me decepcionei com pessoas,
eu me surpreendi com pessoas,
eu deixei de prestar atenção em quem realmente merecia
e caí na mesma bobagem que alguns
de julgar precipitadamente mal suas opiniões
ou ações sobre algo a meu respeito.
Eu esperei que entendessem.
E percebi que quase nunca isso acontece.
Eu me despedi.
Eu fui procurar.
Eu fiquei esperando.
E em algum momento eu percebi que,
totalmente contra minha vontade e convicções,
estava começando a desistir.
Eu casquei o bico,
chorei, reclamei
e falei um monte com a minha mãe no telefone.
Eu fui vê-la bem menos do que gostaria.
Eu me conformei comigo mesma.
Com toda a incompetência, falta de realizações
e planos bem sucedidos dos últimos anos.
Pra que pudesse finalmente começar a mudar.
Eu ganhei amigos.
Ganhei sorrisos incomparáveis,
abraços, declarações,
poemas perfeitamente escolhidos.
E um versinho improvisado e bonito.
Eu subi no telhado pra ver estrelas.
Eu quase dormi na grama.
Eu guardei pedras e conchas.
Eu dormi muito pouco.
Acordei muito tarde.
Não consegui acordar.
Não queria acordar.
Eu passei uma semana me alimentando basicamente
de coxinha e cerveja.
Eu entendi um pouco melhor os cachorros.
Os gatos continuaram me fascinando.
E entendi ainda menos as pessoas.
Eu vi semi-milagres de Natal.
Eu chorei de dar risada com a minha irmã.
Eu vi o sol nascer.
Conversando,
voltando pra casa,
ouvindo música boa,
esperando o metrô abrir.
E sorri.
Eu fiz as malas mais uma vez.
Eu comecei tudo de novo.
sofrimentos instantâneos e duradouros além da conta,
questionamentos,
perda e recuperação de diversos tipos de fé,
bons amigos e novos bons amigos,
e sorrisos incomparáveis.
Porque no fim das contas, todos os anos tem algumas [muitas] coisas boas que acontecem
Sobre o que fazemos por amar os outros,
por se apaixonar de bobeira,
e por amar a nós mesmos.
(e que costumamos esquecer)
___________________________________________
Eu quis que tudo fosse mais simples,
mais fácil.
Depois percebi que não tinha nada a ver.
Eu corri.
Eu voltei a ser totalmente sedentária.
Eu parei de comer.
Eu me apaixonei.
De verdade. Mais que uma vez
e de maneiras completamente diferentes.
Eu fui impulsiva e muito.
Por motivos bons e sem arrependimento.
Eu comprei um livro do Thomas Pynchon pra mim de aniversário/Natal.
Porque eu entrei na Cultura, fui ver livros em inglês e trombei com ele
daquele jeito com puta cara de sinal
(pra pessoas que veem sinal de alguma coisa desse tipo pelo menos 7 vezes ao dia)
Eu não tinha idéia de quem era Thomas Pynchon até julho desse ano.
Eu fiz berinjela assada mais vezes do que meu corpo podia lidar
com um copo de azeite num prato só
Eu comprei Santa Helena num dia de outubro por pura saudade
Eu bebi pra dormir.
Eu passei duas semanas acordando de hora em hora toda noite
pra ver se tinha qualquer notícia.
Eu acumulei garrafas na varanda.
Eu conheci quem me inspirou a começar tudo isso.
E outros que me inspiraram a continuar.
Eu acordei chorando de perder as contas,
eu chorei muito mais vezes do que seria recomendado prum corpo desidratado.
Eu gritei e bati na parede,
atirei coisas longe,
eu chorei no corredor
e no banheiro do bar.
Eu escrevi cartas. De verdade.
Que se manda pelo correio.
Responderam minhas cartas.
Perderam minhas cartas.
Eu quase chorei no meio de um recital.
Tocando o quarteto do Brumby.
Eu sempre quis tocar o Brumby, mas não a ponto de chorar.
Eu fiquei puta pelo menos 106 vezes
com o fato das pessoas não enxergarem o que tá na cara delas.
Eu voltei a cozinhar por puro amor próprio.
(e saudade de casa)
Eu perdi a fé quase que absolutamente em casais envolvendo músicos
e na possibilidade de ter alguém realmente do meu lado.
Eu toquei muito bem numa palestra do Barry Green.
Sem aquecer. Sem nunca ter tocado no baixo antes.
E me senti incrivelmente bem.
Eu pulei uns 5 metros pra dentro de uma cachoeira.
Mas provavelmente teria arregado se a Val não tivesse ido primeiro.
Eu chorei com músicas demodê
e com coisas bregas
e coisas que nunca vi a menor graça.
Eu falei sozinha na rua a ponto de olharem estranho pra mim.
Eu conversei várias vezes com o Stephan estando sozinha.
Eu passei a cantar alto quando meu fone quebrou
(e eu voltei a ouvir as pessoas)
Eu quase chorei em quase todos os concertos da Tom.
Nos outros eu chorei pra valer.
Eu toquei músicas de pessoas
e com pessoas
que me ensinaram o que era amar
antes mesmo de ter consciência disso.
Eu me orgulhei de perder a conta
de ser amiga de certos amigos extremamente talentosos
(e mais extremamente ainda pessoas maravilhosas)
Eu fui comprar material de desenho no fim do ano
e não era pra mim.
(Mas comprei uma pena nova pra mim
porque achei que merecia.)
Eu desisti de falar com alguém do meu lado.
Eu percebi que existem pessoas no mundo
com quem você pode ser muito feliz tocando junto.
Eu bebi antes das 7 da manhã.
E não fiquei bêbada.
Mas não fiquei mais triste também.
Eu fiquei orgulhosa de mim por coisas bobas.
E pensando depois, foi realmente importante.
Eu revelei fotos.
Eu pus um monte delas na parede antes das oito da manhã.
E voltei a dormir.
Eu não quis voltar pra casa.
(Na casa só tinha fotos esperando.)
Eu tomei um shot e fui pra vida.
E por motivos realmente consideráveis.
Eu me encontrei em um monte de pequenos momentos musicais.
Eu me perdi totalmente da razão.
Eu me encontrei comigo mais vezes do que gostaria
Com direito a gritos, brigas e abraços de saudade.
Eu encontrei pessoas pra conversar
e entender.
Pessoas com quem sonhar.
Eu fugi.
De pessoas, situações, testes, do meu contrabaixo.
De mim.
Eu não quis morrer.
Mas também não dava a mínima pra viver.
Eu tive muito, muito medo.
Eu recebi elogios inesperados.
Inusitados.
De pessoas que eu realmente admiro.
E fiquei orgulhosa de mim.
Eu fiz brindes e quebrei taças.
Eu escrevi uma pilha de cartas que não foram enviadas.
Que não tem data certa pra serem.
Eu fui no Municipal ver o John Malkovich
(e eu realmente achava que nunca ia vê-lo no teatro)
ver meus amigos tocarem,
ver minha professora tocando meu solo de ópera preferido.
Eu fiquei sozinha.
De novo,
e de novo
e de novo.
E percebi que é normal.
Percebi que eu gosto muito
e odeio ao mesmo tempo.
Eu disse 'foda-se' e me diverti pra caralho.
Eu escrevi músicas.
De harmonia besta,
mas sinceras de doer (pelo menos no meu peito)
Eu gravei uma com meu pai.
Eu voltei a andar de skate.
Fiquei bêbada e tomei um puta tombo
-tudo dentro do previsto.
Eu me surpreendi sentindo mais saudade
do que esperava.
do que deveria.
Mais do que um dia achei ser possível.
Saudade de uma semana,
saudade de ônibus saindo da rodoviária voltando pra Sampa,
saudade de ônibus voltando pra Curita,
saudade de avião e de problema não solucionado
saudade fechando a porta do carro.
Saudade de tempo todo,
saudade de casa,
de quem ficou pra trás e mudou,
saudade do 'até quando?'
do 'quando de volta?'
do 'quando?'
saudade inesperada,
saudade temida
saudade chorada,
saudade aos berros
e no maior segredo.
saudade de um dia,
de umas poucas horas,
do que eu nem lembrava mais,
de quem eu finjo que não sinto,
de que eu me acostumei a sentir,
saudade de mim.
Eu acreditei em recuperações, em reviravoltas,
em milagres, em promessas,
em tudo de absurdo relacionado à mudanças.
Eu mandei tudo à merda.
Eu fiquei preocupada.
Desesperada.
Compulsiva.
Sassariquenta,
Confusamente bilíngue,
Tonta que só,
Triste que só vendo,
Brava,
Absurdamente possessa,
Semi-zen,
Riso fácil,
Bêbada,
Medrosa,
Engraçada,
Impulsiva,
Alegre de dar gosto,
Absolutamente maluca.
E daí voltei meio ao normal.
(todas as anteriores incluídas)
Eu quis ir pra casa,
que esquecessem meu nome.
Que se lembrassem de mim.
Que percebessem.
Que entendessem.
Eu quis parar de chorar.
Eu não consegui.
Eu ganhei cds incrivelmente bons de amigos
que realmente sabem fazer música
e te fazer dar risada.
parecendo tão frágeis.
Eu fiquei tão triste
que quase não percebi quem tava triste também.
Eu arrumei pela última vez do ano a casa,
pra estar bonitinha quando voltar.
Ouvindo música e cantando alto.
E senti um negócio rasgando meu peito,
doído de verdade.
Fui me despedir dos meus amigos.
Pra viagens, férias, viagens de trabalho e de sonho.
Respondi mensagens do outro lado do mundo,
fiz amigos por osmose.
Eu desenterrei músicas.
Eu ouvi a mesma música um milhão de vezes.
Eu consolei pessoas
quando já não achava coisa nenhuma pra acreditar,
muito menos pra dizer.
Percebi que acabei parando em dois lugares
onde me faz muito bem estudar
E que não existem turmas perfeitas,
mas as nossas chegam bem perto.
Minha família aumentou,
meu coração estreitou,
e voltou a ser corajoso que si só.
Eu perdi meu quarteto,
mas ganhei um trio.
E um duo pro próximo ano.
(2 ou 3 às vezes é muito mais que 4)
Eu me decepcionei com pessoas,
eu me surpreendi com pessoas,
eu deixei de prestar atenção em quem realmente merecia
e caí na mesma bobagem que alguns
de julgar precipitadamente mal suas opiniões
ou ações sobre algo a meu respeito.
Eu esperei que entendessem.
E percebi que quase nunca isso acontece.
Eu me despedi.
Eu fui procurar.
Eu fiquei esperando.
E em algum momento eu percebi que,
totalmente contra minha vontade e convicções,
estava começando a desistir.
Eu casquei o bico,
chorei, reclamei
e falei um monte com a minha mãe no telefone.
Eu fui vê-la bem menos do que gostaria.
Eu me conformei comigo mesma.
Com toda a incompetência, falta de realizações
e planos bem sucedidos dos últimos anos.
Pra que pudesse finalmente começar a mudar.
Eu ganhei amigos.
Ganhei sorrisos incomparáveis,
abraços, declarações,
poemas perfeitamente escolhidos.
E um versinho improvisado e bonito.
Eu subi no telhado pra ver estrelas.
Eu quase dormi na grama.
Eu guardei pedras e conchas.
Eu dormi muito pouco.
Acordei muito tarde.
Não consegui acordar.
Não queria acordar.
Eu passei uma semana me alimentando basicamente
de coxinha e cerveja.
Eu entendi um pouco melhor os cachorros.
Os gatos continuaram me fascinando.
E entendi ainda menos as pessoas.
Eu vi semi-milagres de Natal.
Eu chorei de dar risada com a minha irmã.
Eu vi o sol nascer.
Conversando,
voltando pra casa,
ouvindo música boa,
esperando o metrô abrir.
E sorri.
Eu fiz as malas mais uma vez.
Eu comecei tudo de novo.
23 dezembro, 2011
Porque é Bom__
Diante de tanto assombro de passado essa semana, eu fui ler uma coisa muito velha que me escreveram. Muito velha assim, dos longínquos tempos de 2007 rsrs. Coisa complicada.
2007 foi um ano marcadamente bizarro na minha vida. Foi o ano que vim pra São Paulo, o ano que marcou que esse lance de tocar contrabaixo era pra valer, que tomei mais decisões que tinha condição, me abismei e encantei com pessoas excessivamente e, como convém a uma pessoa de recém-dezoito impulsiva que si só, tomei vários capotes.
2007 me ensinou a ser gente. Me deu idéia do que era necessário pra ser adulta. Pra viver nesse meio musical meio sujo, meio desonesto, muito menos encantador que o esperado.
De lá pra cá meus anos ímpar tem sido sempre estranhos e incrivelmente difíceis (não é nada cabalístico, na real só pensei nisso agora, quando tava escrevendo)
2007,
2009,
e 2011.
A palavra chave é aprendizado.
O meio comum é o sofrimento.
Lá pelo meio eu acho que não vou aguentar. Que isso já passou do limite, qualé que é mundo e coisas bem piores. Que não sou nem um pouquinho forte o bastante pra tudo isso.
Perco fé, perco esperança de um monte de coisa, não acredito em mais nada, redescubro um monte de coisas, de repente aparece alguém, complica tudo, tudo dá uma amainada, complica tudo de novo, os planos se frustram, eu fico ainda mais brava, fico um lixo, fico triste, fico desesperada.
E quando acaba, e eu pego o ônibus, volto pra casa, percebo que sobrevivi.
Dessa vez eu percebi que cada uma que passou, das grandes e sérias, fez com que justamente isso acontecesse - eu sobrevivesse. Que a Camila não se perdesse, não deixasse de existir. Cada vez que uma pessoa me derruba, geralmente as que eu gosto pra caralho, de qualquer forma que apareça, mal resolvida ou não, eu tenho que achar isso de novo. As coisas que me fazem ser quem eu sou. Inclusive características bem pouco agradáveis, ou complicantes que eu tenho. E olhar, pegar aquele pacotinho mal-acabado, molhado de chuva, de lágrimas, rescindindo a álcool e cansaço, e achar uma coisa bonita dentro. Achar que aquilo merece ser salvo. Não importa o porquê. Os motivos são aleatórios, às vezes nem motivo tem. Eu preciso ser salva. E é o que acontece.
Eu sou bem mais forte do que costumo lembrar em situações de desespero.
E a cada uma dessas mais difíceis me deram - e tem dado - uma coisa boa, esse conforto de ser eu mesma. Sem nenhuma presunção disso ser o máximo mas é o que, no fim das contas, você mais precisa ser convencido que vale a pena - e de fato vale. É o que de mais concreto você acaba tendo. Claro que a gente vai mudar, sobre uma infinidade de aspectos, mais uma porção de vezes na vida. Mas certas coisas, sobre si, sobre viver e como viver, e como fazer as coisas, e o que fazer, você tem que simplesmente assumir. Mesmo que seja por hora, mesmo que você mude depois. Isso é, pelo menos, um conflito a menos na vida rs.
Eu acho que nunca terminei um ano tão frustrada comigo mesma profissionalmente. Mas isso veio justamente dessa coisa de olhar pra si. Na beirada de janeiro já, nesse fim de dezembro, as coisas já não tinham mais como se acumular, e continuaram acontecendo. Eu já tava mais que nesse estágio do 'não tenho força pra isso não' e de repente me toquei disso. Eu olhei em volta. Olhei pras pessoas. Pessoas que eu conheci, pude passar alguns dias perto, e pessoas que de repente permaneceram na minha vida esse ano. Pessoas que continuam aparecendo através delas. Pessoas que de fato eu ganhei de presente. Fiquei orgulhosa. Olhei pra trás, pra quem ficou, pra coisas que finalmente consegui superar, e fiquei ainda mais.
Eu admiti coisas sobre mim pra mim mesma. Sobre como eu vivo e como sinto coisas, principalmente em relação às pessoas. Sobre relacionamentos. Sobre fazer música. Sobre minha capacidade e [não] aproveitamento criativo. Daí bateu a frustração. Senti que não ando fazendo nada, há tempos. Mas sei que não é completamente verdade. Mas me senti em condições de ser honesta comigo mesma sobre isso. Sobre necessidade de estudar, sobre como fazê-lo, sobre tocar outras coisas, ter coragem o bastante de assumir coisas que sempre quis fazer e fui meio me perdendo e por isso requerem trabalho, mas são possíveis. E potencialmente mais satisfatórias. Pra dizer 'eu posso fazer isso', não porque é mais fácil, mas porque eu quero. Porque é bom.
Era simplesmente isso.
Claro que não só isso, teve mais merda acontecendo comigo e com pessoas à minha volta nesses dois últimos anos do que sou capaz de contar.
Mas isso é parte essencial.
Querer fugir de coisas que não gosto sobre mim mesmo, ou que eventualmente eu achava que prejudicavam minha relação com as pessoas - ao ponto de prejudicar minha forma de me comunicar por exemplo, o que é bastante importante pra mim - me renderam várias situações que só me afastaram ainda mais de resolver qualquer coisa. Querer ser o que outra pessoa esperava de mim não podia dar muito certo. Eu tinha que olhar pr'aquilo e ver até que ponto aquilo poderia ser mudado - e deveria sê-lo e por qual motivo. Por mim, e pela relevância daquilo na minha vida, e nas minhas próprias necessidades e prioridades.
Parece um discurso extremamente egoísta, eu sei, mas foi meu meio de sobrevivência recente.
Admitir que às vezes o que eu realmente penso ou faria à respeito de uma coisa não é o esperado por quem tá em volta. Que eu não acho certas coisas tão erradas quanto boa parte dos meus amigos, e que a gravidade de uma mesma ação é muito variável dependendo de quem está envolvido e quem - e como- sai prejudicado. Sem canalhice, sem trapaças ou nada assim. Eu nunca fui e duvido que algum dia consiga ser assim. Mas sem frescura também.
Me sentir confortável comigo mesma era uma coisa meio latente nos últimos tempos.
E sinceramente, me deixou mais calma. Mais complacente com esperar o que está por vire o tempo de resolução de situações muito complicadas. Menos afoita de provar qualquer coisa pra quem quer que seja.
Todas aquelas máximas do ano voltando à cabeça.
"Keep it simple" é a do Barry Green, que aprendi em outubro.
Aplicável à quase tudo, agora e sempre.
2007 foi um ano marcadamente bizarro na minha vida. Foi o ano que vim pra São Paulo, o ano que marcou que esse lance de tocar contrabaixo era pra valer, que tomei mais decisões que tinha condição, me abismei e encantei com pessoas excessivamente e, como convém a uma pessoa de recém-dezoito impulsiva que si só, tomei vários capotes.
2007 me ensinou a ser gente. Me deu idéia do que era necessário pra ser adulta. Pra viver nesse meio musical meio sujo, meio desonesto, muito menos encantador que o esperado.
De lá pra cá meus anos ímpar tem sido sempre estranhos e incrivelmente difíceis (não é nada cabalístico, na real só pensei nisso agora, quando tava escrevendo)
2007,
2009,
e 2011.
A palavra chave é aprendizado.
O meio comum é o sofrimento.
Lá pelo meio eu acho que não vou aguentar. Que isso já passou do limite, qualé que é mundo e coisas bem piores. Que não sou nem um pouquinho forte o bastante pra tudo isso.
Perco fé, perco esperança de um monte de coisa, não acredito em mais nada, redescubro um monte de coisas, de repente aparece alguém, complica tudo, tudo dá uma amainada, complica tudo de novo, os planos se frustram, eu fico ainda mais brava, fico um lixo, fico triste, fico desesperada.
E quando acaba, e eu pego o ônibus, volto pra casa, percebo que sobrevivi.
Dessa vez eu percebi que cada uma que passou, das grandes e sérias, fez com que justamente isso acontecesse - eu sobrevivesse. Que a Camila não se perdesse, não deixasse de existir. Cada vez que uma pessoa me derruba, geralmente as que eu gosto pra caralho, de qualquer forma que apareça, mal resolvida ou não, eu tenho que achar isso de novo. As coisas que me fazem ser quem eu sou. Inclusive características bem pouco agradáveis, ou complicantes que eu tenho. E olhar, pegar aquele pacotinho mal-acabado, molhado de chuva, de lágrimas, rescindindo a álcool e cansaço, e achar uma coisa bonita dentro. Achar que aquilo merece ser salvo. Não importa o porquê. Os motivos são aleatórios, às vezes nem motivo tem. Eu preciso ser salva. E é o que acontece.
Eu sou bem mais forte do que costumo lembrar em situações de desespero.
E a cada uma dessas mais difíceis me deram - e tem dado - uma coisa boa, esse conforto de ser eu mesma. Sem nenhuma presunção disso ser o máximo mas é o que, no fim das contas, você mais precisa ser convencido que vale a pena - e de fato vale. É o que de mais concreto você acaba tendo. Claro que a gente vai mudar, sobre uma infinidade de aspectos, mais uma porção de vezes na vida. Mas certas coisas, sobre si, sobre viver e como viver, e como fazer as coisas, e o que fazer, você tem que simplesmente assumir. Mesmo que seja por hora, mesmo que você mude depois. Isso é, pelo menos, um conflito a menos na vida rs.
Eu acho que nunca terminei um ano tão frustrada comigo mesma profissionalmente. Mas isso veio justamente dessa coisa de olhar pra si. Na beirada de janeiro já, nesse fim de dezembro, as coisas já não tinham mais como se acumular, e continuaram acontecendo. Eu já tava mais que nesse estágio do 'não tenho força pra isso não' e de repente me toquei disso. Eu olhei em volta. Olhei pras pessoas. Pessoas que eu conheci, pude passar alguns dias perto, e pessoas que de repente permaneceram na minha vida esse ano. Pessoas que continuam aparecendo através delas. Pessoas que de fato eu ganhei de presente. Fiquei orgulhosa. Olhei pra trás, pra quem ficou, pra coisas que finalmente consegui superar, e fiquei ainda mais.
Eu admiti coisas sobre mim pra mim mesma. Sobre como eu vivo e como sinto coisas, principalmente em relação às pessoas. Sobre relacionamentos. Sobre fazer música. Sobre minha capacidade e [não] aproveitamento criativo. Daí bateu a frustração. Senti que não ando fazendo nada, há tempos. Mas sei que não é completamente verdade. Mas me senti em condições de ser honesta comigo mesma sobre isso. Sobre necessidade de estudar, sobre como fazê-lo, sobre tocar outras coisas, ter coragem o bastante de assumir coisas que sempre quis fazer e fui meio me perdendo e por isso requerem trabalho, mas são possíveis. E potencialmente mais satisfatórias. Pra dizer 'eu posso fazer isso', não porque é mais fácil, mas porque eu quero. Porque é bom.
Era simplesmente isso.
Claro que não só isso, teve mais merda acontecendo comigo e com pessoas à minha volta nesses dois últimos anos do que sou capaz de contar.
Mas isso é parte essencial.
Querer fugir de coisas que não gosto sobre mim mesmo, ou que eventualmente eu achava que prejudicavam minha relação com as pessoas - ao ponto de prejudicar minha forma de me comunicar por exemplo, o que é bastante importante pra mim - me renderam várias situações que só me afastaram ainda mais de resolver qualquer coisa. Querer ser o que outra pessoa esperava de mim não podia dar muito certo. Eu tinha que olhar pr'aquilo e ver até que ponto aquilo poderia ser mudado - e deveria sê-lo e por qual motivo. Por mim, e pela relevância daquilo na minha vida, e nas minhas próprias necessidades e prioridades.
Parece um discurso extremamente egoísta, eu sei, mas foi meu meio de sobrevivência recente.
Admitir que às vezes o que eu realmente penso ou faria à respeito de uma coisa não é o esperado por quem tá em volta. Que eu não acho certas coisas tão erradas quanto boa parte dos meus amigos, e que a gravidade de uma mesma ação é muito variável dependendo de quem está envolvido e quem - e como- sai prejudicado. Sem canalhice, sem trapaças ou nada assim. Eu nunca fui e duvido que algum dia consiga ser assim. Mas sem frescura também.
Me sentir confortável comigo mesma era uma coisa meio latente nos últimos tempos.
E sinceramente, me deixou mais calma. Mais complacente com esperar o que está por vire o tempo de resolução de situações muito complicadas. Menos afoita de provar qualquer coisa pra quem quer que seja.
Todas aquelas máximas do ano voltando à cabeça.
"Keep it simple" é a do Barry Green, que aprendi em outubro.
Aplicável à quase tudo, agora e sempre.
13 dezembro, 2011
Não Destrua as Coisas Bonitas
Isso é mais ou menos como um mantra de Ano Novo.
Ele diz "não destrua as coisas bonitas"
Deixe elas viverem em paz
Deixe que as pessoas se aproximem e toquem sua vida
mesmo no pior momento que você possa estar vivendo
as relações são meio como flores que desabrocham e crescem
ao seu próprio tempo
Deixe que elas sigam seu curso
Não pense que porque uma te feriu
ou se mostrou do avesso
todas assim serão
Deixe que as pessoas sejam o que são
Se forem pequenas e vazias tanto faz
Se forem bonitas, deixe-as em paz
Não destrua as coisas bonitas
Não baseie todo seu julgamento do que acontece com quem está do seu lado
pelas suas próprias necessidades ou conceitos de felicidade
As pessoas são diferentes e nunca sonham igual
E talvez não pareça assim pra você,
e mesmo que você ache tudo ao contrário,
ou que mereceriam coisas melhores
abrace-os e festeje qualquer novo lampejo de felicidade em suas vidas
Escute-os e entenda que suas coisas bonitas
o são por outras razões que as suas
mas ainda assim não devem ser destruídas.
Você será magoado,
seu coração despedaçado mais uma centena de vezes.
Nada muda com um nome ou data
Existem poucos milagres de Natal,
surpresas de aniversário ou promessas de Ano Novo
que façam valer uma mudança significativa.
Siga, com a maior firmeza de passos que conseguir,
mas não pise em qualquer pequena pérola
que encontrar.
As coisas mais bonitas geralmente são pequenas
e difíceis de enxergar
Não destrua as coisas bonitas.
Deixem que pessoas te amem e cuidem de você
tanto quanto você gosta de fazer por elas
Permita que te deem, para que você possa dar
Você não vai resolver a vida de ninguém,
desista antes que fique mais cansado.
Simplesmente esteja. Fique. Permaneça.
Distância nenhuma impede corações bem-aventurados
Pode ser que seus amigos te esqueçam por um tempo
pode ser que você precise de um tempo afastado
Mas deixe-se voltar quando sentir apropriado
e deixe que voltem,
mesmo com diferenças mal-resolvidas.
A falta que eles fazem é provavelmente muito maior
que qualquer necessidade de razão
ou justificativa de uma atitude qualquer.
Não destrua as coisas bonitas
Aproveite as conversas inusitadas que possam acontecer
no metrô, numa fila de rodoviária,
numa balada gótica ou numa corrida no Ibirapuera
Mesmo que seja sobre nada,
mesmo que você nunca mais veja aquela pessoa.
Aquele agora é importante.
e pode ser ainda mais pra quem está do outro lado da conversa.
Não destrua as coisas bonitas
Deixe as pessoas que sorriem juntas sorrirem,
não se meta a arriscar fazer alguém infeliz
Não importa o quão injusta ou mal-arranjada
seja a configuração das coisas na sua vida
ou que pareça que algo assim bonito
nunca aparece desse jeito nela.
Em algum momento isso vai acontecer pra você.
Se não, destruir quem já o tem não vai fazê-lo menos infeliz
Não destrua as coisas bonitas.
Tudo que te aparecer vai ser diferente
e um carinho nunca será igual
a qualquer coisa que você já encontrou
Deslumbre-se com como as pessoas são fantásticas
como são boas em alguma coisa
-mesmo que seja no que você gostaria e ainda não consegue -
e com a sorte que você tem delas terem aparecido.
Permita-se ser elogiado,
permita que alguém goste de você depois de 3 dias
e queira ficar do teu lado.
Permita-se gostar de alguém depois de 3 dias
e querer tê-lo do teu lado.
As pessoas erradas vão continuar aparecendo,
mas isso não deve te impedir de ver as boas
que continuam surgindo.
Não destrua as coisas bonitas
Aprenda que amizades são diferentes
e algumas pessoas nunca irão embora da sua vida
mesmo que você não as distingua tão bem ainda.
Que as piores impressões às vezes se revelam
as melhores companhias.
E que algumas que levam tempo e esforço
tornam-se mais presentes que
as imediatamente identificáveis.
Deixe que as pessoas vão embora.
E aprenda - o quanto antes - que o bonito passa às vezes
e lembranças não devem ser destruídas
mesmo diante de decepções.
Não destrua as coisas bonitas
Faça planos mirabolantes
e acredite em sonhos absurdos.
Planeje viagens, repertórios, planos de estudo,
mude o lugar do seus móveis,
adote um cachorro,
qualquer coisa que te faça feliz.
Tente realizá-los e chame quem pode embarcar neles com você
pra te ajudar.
Planos conjuntos às vezes são infundados,
mas muitas, muitas vezes
se mostram mais concretos e realizáveis.
Monte castelos de cartas
e guarde a resolução de quebra-cabeças pra você
até a hora certa de se fazerem revelados.
Aprenda a se realizar por si mesmo,
e para si mesmo.
Não destrua as coisas bonitas.
Se acostume a ficar sozinho, e
ver o quão isso pode ser bom também.
Essa situação vai voltar outras muitas vezes
e a cada uma você pode aprender um pouco mais.
Arranje o que fazer quando chegar em casa
e não tiver ninguém.
Aproveite o tempo que tiver ao lado de quem
faz realmente bem pra você
Chore.
Tantas vezes e o quão desesperadamente se faça necessário.
Ninguém vai conseguir tirar esse tipo de dor de você,
mas você pode ensiná-la a amainar no seu peito.
Não destrua as coisas bonitas
Não sinta-se culpado por rir quando deveria estar triste
saboreie os sorrisos,
as risadas e as piadas internas.
Nem tampouco sinta-se envergonhado
se ela te abater ainda na mesa,
ou se você não conseguir se mexer por causa dela
em mais uma manhã.
Pense e tente ponderar o que você vai aprontar
mas se errar, de novo,
e de novo,
levante.
Não tem mais nada que você possa fazer.
Não tome pra você toda a culpa que não é só sua
mas aprenda a lidar com as consequências do que faz.
É bem provável que você acabe se sentindo ridículo
vez ou outra
ou fique muito bêbado e faça um papelão.
Nenhum papel que não vá servir a outra pessoa
no dia seguinte.
Ainda assim,
cansado, sozinho ou muito triste,
olhe pro céu no fim do dia indo pra casa
e em qualquer nascer do sol
que te ensine de novo
que cada dia pode te trazer coisas bonitas.
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