23 março, 2008

Estamos completamente diferentes da semana passada. Mudamos de emprego, mudamos de casa, trocamos a cortina, conseguimos um carro. Arrumamos um caso, pedimos divórcio, partimos um coração, fingimos mudança, continuamos completamente iguais a uma semana antes de tudo acontecer. mentimos pros nossos pais, fingimos um arrebatamento, ligamos prum amigo de madrugada, e ele não estava. Então choramos um monte, ao deslumbrar aquilo no que nos tranformamos independente de nossos ideiais tão concretos. Fingimos arrependimento, fingimos não estar irritados, quebramos um copo, lavamos o sangue, recolhemos os cacos.
Tudo provisoriamente consertado.
Fugimos de casa, não deixamos recado, mudamos de plano, mudamos de cara. Buscamos abraços, buscamos os riscos tão mais divertidos, voltamos de madrugada. e não dizemos onde estivemos e como ficamos, e se estamos melhores ou indiferentemente ao contrário.
Hoje tive saudade, não foi de alguém, não foi do passado. senti falta de mim, pensando e falando. senti falta de como era ano passado, mês passado, dois dias atrás eu era tão melhor. desejei meu coração intacto, e não encontrar meus nervos em frangalhos, desejei de volta aquilo q mais se aproximou de fé que eu já senti.
ou era amor q se chamava? no tempo chamávamos vento, e aquilo mudava tão constantemente, q nosso fascínio aumentava. a cada novo dia havia um novo espaço e a cada novo tempo havia um tempero de passado. mas não era doído esse nosso amor nostálgico desde o início presente, era colorido com todas as cores do outono de Veneza, e era distante de todos como um passeio à lua minguante.
Era mutável nosso sentimento, e era tão parecido sendo diferente a cada dia.
Mas naqueles dias nosso nome era outro, e outro era o nome de nosso povo e todos diferentes se entendiam e podiam ser apaixonados sem medo do q pensariam amanhã.
diferentes eram nossos sonhos e mais valente era nosso espírito.
mas um dia a cidade amanheceu concreto escuro e nossos olhos eram mais triste paisagem.
e em nossos corações havia vácuo de estrelas e secos nossos lábios aprenderam a se calar. nosso espírito enfraqueceu e aprendemos a mentir e sobreviver às segundas-feiras. calamos nossa vontade de mudar e nos acostumamos à rotina de não amar.
nossos desejos se converteram em órbita e nossos anseios se perderam em hábitos.



eu vou seguir mesmo sabendo q vou cair
e vou encontrar quem eu mesmo não esperei.
num pedaço de semana encontrei um verso
e outro dia quis ser poeta.
no mais,
quis a janela aberta.

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