25 setembro, 2011

E então, em meio a uma semana sem vontade de acordar, sem sono pra dormir, de crises, broncas e saudade, uma luz de inspiração e vontade enorme nos ensaios e concerto da Tom. Algumas pessoas, poucas que eu tive o privilégio de já ter encontrado ou conhecido na minha vida, tem uma coisa assim - de fazerem a música meio sagrada. Não com pose, discurso, ou qualquer tipo de pregação ou mesmo de intenção em fazê-lo, simplesmente vivendo-a e fazendo tudo com uma sinceridade e um amor imenso por aquilo. Essas figuras, com um quê meio mágico, com essa coisa encantadora de falar com os olhos, de calar com uma nota longa, com uma frase de improviso. Toninho Carrasqueira é um filho de Pan, foi isso que me veio à cabeça, ouvindo contar a história do deus no concerto. Aquela minha desconfiança lúnatica com as pessoas do tipo - aaah, você fala disso com uma familidariedade grande demais não? Mas mais que qualquer possibilidade fantástica, Toninho é filho do seu pai. E conta o que lhe foi contado, fala de tudo que quer passar pra gente daquele jeito indescritível porque aquilo faz parte dele tanto quanto possível, Eu sou filha do meu pai, eu sou filha da minha mãe. Daquelas que passam por inúmeras inegáveis situações que levam a lembrar disso. Como disse muito bem o Gustavo uma vez, a gente foi fazer música porque gosta de música. Por mais simplista que soe, é a melhor definição que já encontrei. A que engloba essa coisa toda de crescer ouvindo muita coisa, daquilo ser um negócio meio visceral pra gente - coisa que vem do disco do meu pai pulando na vitrola, da minha mãe cantando na cozinha. Música na minha casa e na minha criação por assim dizer, é tão essencial quanto comer, dar risada e tomar café. 



17 setembro, 2011


"Se já estou morto e não sei,
a quem devo perguntar as horas?
Se acabar o amarelo,
com que vamos fazer o pão?
Quantas igrejas tem o céu?
É verdade que as esperanças
devem regar-se com orvalho?
Por que choram tanto as nuvens
e cada vez são mais alegres?
Que acontece às andorinhas
que chegam tarde ao colégio?
É verdade que espalham
cartas transparentes pelo céu?
Quantas perguntas tem um gato?
As lágrimas que não choramos
esperam em pequenos lagos?
Ou serão rios invisíveis que correm para a tristeza?
Como se mede a espuma
que derrama da cerveja?
Que faz uma mosca encarcerada
num soneto de Petrarca?
Até quando falarão os outros,
se nós aqui já falamos?
Quantos anos tem Novembro?
Quem gritou de alegria
quando nasceu a cor azul?
É verdade que no formigueiro
Os sonhos são obrigatórios?
De que ri a melancia quando a estão assassinando?
Não é melhor nunca do que tarde?
Amor, amor, aquele e aquela,
se já não são, pra onde foram?
Ontem, ontem, disse a meus olhos
quando voltaremos a ver-nos?
Quantas semanas tem um dia
e quantos anos tem um mês?
É porque tem que morrer
ou porque tem que viver?
Onde encontrar uma sineta
que soe dentro de teus sonhos?
É verdade que a tristeza é larga
e estreita a melancolia?
A quem posso perguntar
que vim fazer nesse mundo?
Por que me movo sem querer,
por que não fico parado?
Também não pode matar-me um beijo de primavera?
Sofre mais quem espera sempre
ou quem nunca esperou ninguém?
Onde termina o arco-íris,
em tua alma ou no horizonte?
Talvez uma estrela invisível
seja o céu dos suicidas?
Para onde vão as coisas do sonho?
Vão para o sonho dos outros?
E onde o espaço terminas
e chama morte ou inifinito?
E como se chama esse mês que fica entre Dezembro e Janeiro?
E que importância tenho eu
no tribunal do esquecimento?
"................................do Livro das Perguntas__Neruda

"Você precisa tomar um sorvete
Andar com a gente
Me ver de perto"

__às vezes eu acho que tudo que meus amigos precisavam era ouvir Baby - ouvir, sentir.
Sem mesquinhez de alma com ninguém.
(Tô na rodoviária com uma versão bizarra da marcha nupcial do Mendelssohn chegando de algum lugar ao fundo)
não são todos, não é sempre, claro que não.
Mas às vezes acho que falta empatia. Falta um pouco daquela irrelevância de anos atrás com coisas que ainda que problemáticas, podem não ser tão importantes por hora. Falta gostar de ver amor, gostar de ver quem você gosta feliz. Tem vezes que é difícil, a gente é egoísta. Quer tudo quando a gente quer, não tá nem aí se a hora passa.
Eu já tomei inúmeras decisões erradas. Precipitadas, medrosas, covardes, difíceis. Erradas. Da maior parte não me arrependo. É mais ou menos o único jeito da gente aprender. Eu tento mais ou menos não culpar ninguém por elas. Algumas me fizeram perder coisas boas, ou perder de saber o que seria. Minha empatia exarcebada permanece, meu coração afoito continua batendo fora de compasso, e no momento poderia sentar em qualquer lugar e gritar pra qualquer precipício que sim, estou muito feliz. E acho que mereço estar, e aproveitar o que é que eu tenha pra viver.
Almost running
Almost thinking
Listening to the Juliet's sing
Almost here
Almost there
I'm starting to get lost in my dreams
Almos conscient
Almost midnight
Stop just staring the cealing
Almost madness
Almost sadness
Lost in your [blank] thoughts
trying to reach you with words in my mind
Almost painful
Almost completly lost
Our distance is only in their heads
Almost fucking angry
almost totally drunk
Losing my mind with the same old little things
Losind my feet of the ground
Almost deception
Almost gave up
The world keeps running
the same way that before.