01 abril, 2008

Hoje o sol escuro deixou vestígio de passagem, num azul, como branco escarlate. Havia paz quando havíamos nós voltado, mas a estrada partia-se numa sombra.
Não sei no que acredito, nem onde vão meus olhos quando o quarto escurece. Hoje o dia é muita sombra e não há riso nem espera; não há mesmo pelo que esperar.
não há quem parta, não há quem chegue, nem eu mesma sei quando vou voltar.
A convicção que havia se perdeu com a mudança dos sonhos. De sonho moldei minha estrela, um sol muito pálido pra gente brincar. Mas sem brilho, esqueci de sonhar.


Quando perdi coração de estrela, meu corpo partiu-se em dois. Duas existências avessas ao convívio fizeram-se francamente habitar. De um lado, infalível racionalidade da manhã. Do outro, sorriso de poeta. Por muita procura perderam-se os homens. Minha vida, estrada alvoroçada, espírito de avenida. De paixão e pouca fé construí um palácio pouco habitado. Eram mais que rosas nas janela - eram rostos entrecortados e no grande salão, um rei muito pálido. Nos corredores, tropeçávamos em sonhos, alguns despedaçaram-se. Nossa alma, azul de cobre, se fazia amargurar-se.
De muita paixão, vendavámos os olhos. Havia doçura na paisagem que escurecia. Eu passeava na neblina e ria. Acolhi de passagem poema de imagens distantes. Entrelaçados braços no espaço, o coração palpitava. Fizemo-nos nus de corações amordaçados e guardamos, em segredo, nossa paixão de madrugada gelada, grama molhada e um vento daqueles das grandes mudanças. por fim, adormecemos.

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