03 setembro, 2008

Nossa vida toda é mesmo uma coisa frágil. Uma ou outra base mais sólida e já queremos um castelo de idéias e projetos. Mas os castelos não são mais q poeira e areia de sonho:desmoronam antes mesmo da gente acordar.Faz-se então minha vida de momentos, mais ou menos curtos, guardados em caixinhas amarradas com barbante; pois veja, embaixo do castelo há um porão, de vigas de mármore e marfim, onde cabem muitas caixas. Acima do porão uma sala permanece, alheia aos abalos do volúvel castelo, com suas paredes manchadas e cortinas rotas em janelas nem sempre ensolaradas.Dela ocupa-se meu coração.As pessoas são tudo de mais saboroso e perturbador que compõe a insólita construção; são os corredores gelados, os ruídos noturnos, a aconchegante sala com o piano no canto, a poltrona vermelha na beirada da cama, a luz pálida sobre as páginas de um livro.Então o que pensar quando num impulso um pouco mais forte, o balanço te joga sobre uma pilha de folhas secas?Você ri e de repente o ralado no cotovelo dói demais.Eu não procuro as pessoas, eu as encontro. Então me parece fácil não questionar tanto nossas diferenças porque não há menos que todo o sentido em sua presença em minha vida. Pessoas não cabem em caixas. Algumas poucas aceitam morar na sala do coração- suas paredes não parecem confiáveis- mas no centro habita um calor inexplicavelmente constante. e esse é o maior conforto de que podem desfrutar seus habitantes.Não sei bem se são as feridas ou desilusões ou a tristeza q vamos guardando no peito q vai ruindo alicerce por alicerce. Mas um dia tudo desaba num instante, e não há consolo o bastante sob a camada densa de poeira...As luzes apagam e o quarto fica muito vazio e insuportavelmente grande e iluminado. E você não acorda.

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