24 novembro, 2014

Ela estava sentada.
Pendia a cadeira pra frente e pra trás
e seus olhos estavam secos.
Sua mão direita tinha voltado a tremer
e sentia um incômodo do lado esquerdo.
O gosto no fundo da língua ela conhecia
conhecia o álcool
conhecia o sangue
Conhecia aquele aperto de saudade
que é sempre novo
e aquela angústia do inacabado
que é sempre velha,
o suposto inconquistável.
Aquela quase apatia
não era nova.
Uma pilha de crachás
quinze fotos e um  espelho,
um verso desesperado.
Uma despedida atravessada na garganta
a ladeira amanhecendo.
Nenhum nome numa lista
e em outra
e uma sólida sensação de coisa nenhuma.




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