08 fevereiro, 2011

Então eu parei pra pensar em todas as coisas que ficam rondando a minha cabeça, o calor estranho no peito ao te dizer bom dia, uma quase saudade automática ao ir embora. Nossa, como eu sou criança, eu penso às vezes, e penso que preciso de terapia mesmo já faz tempo, fico aqui fugindo dessa coisa gigante que é pensar sobre si mesmo, correndo de um lado pro outro com uns sonhos malucos, uns antigos que nunca corro atrás e todos esses novos que foram surgindo de uns 2 anos pra cá e não sei bem como lidar, encaixar esse cronograma de disciplina diária tão necessário nessa vontade de correr o mundo, mudar o mundo, dividir o mundo com alguém, meu deus, como me machuca esse silêncio, esse fim de tarde embriagada, e pode ser que esteja inventando, pode ser a maior bobagem eu achar que posso acabar sentindo sua falta todos os dias até o fim da semana porque as coisas mudam em menos de um mês, de um dia, de uma manhã e acabam machucando até nossa vontade de viver, mas eu estou aqui sentada te dizendo apenas que gosto muito das nossas conversas e de passar esse tempo com você, dando risada e falando da vida, e que queria que isso fosse sempre assim, sempre possível. Sabe, as pessoas precisam mesmo parar pra pensar às vezes, e agora é não menos que essa hora na minha vida, talvez seja na sua também, e embora tenha vontade de sair correndo, parece que não consigo escapar disso, como da vontade de te abraçar mais demoradamente do que deveria, não me leve à mal, é só um carinho bobo que me enche o peito, às vezes ele acaba passando, talvez não, mas de qualquer jeito eu vou acabar andando meio longe e morrer de ciúmes estrategicamente disfarçados, e voltar pra mais uma hora de escalas, e desistir de pensar sobre isso pra pensar em regularidade de arco, cor de som e essa coisa toda de qualidade que parece quase inalcançável alguns dias.
Não se assuste com isso, nem com nada que te digo, vou acabar percebendo que é uma grande bobagem, que eu não páro de inventar histórias que só me causam mais problemas, que eu gosto mesmo de beber cerveja com você e é só isso mesmo que importa, porque no fim das contas você vai embora andando, vai se divertir e ficar feliz, ser feliz, dá tudo certo nessas histórias por fim, e eu vou pra casa fazer uma porção gigante de shimeji, e chorar porque as coisas acabam, as coisas passam, ou nem durar duram, e eu acabo não entendendo nada, e vou beber um pouco demais e talvez não consiga acordar tão cedo, mas do mesmo jeito no dia seguinte estarei lá tagarelando com você e gostando disso até que me deixe meio confusa, e perceber que o tempo precisa passar. E perceber que gosto de ver você feliz, que gosto de ficar sozinha e finalmente conseguir passar um período meio monástico pro meu padrão dos últimos tempos, que gosto de ver as fotos dos meus amigos mesmo que tenham aquelas pessoas que não gosto, ou aquelas que você não entende como foram parar lá, e que de repente nem é pra entender, mesmo que um pouco disso seja só vontade de estar lá também.E quem sabe dessa vez resista aos surtos bobos de carência, à vontade de falar mais do que devo pra você, e fazer qualquer besteira impulsiva pra fugir dos resultados dessa última. Ou talvez invente de te escrever, passe noites cantando sobre saudade, beba demais, chore demais e acabe esquecendo.
Saio pra caminhar numa tarde quente de fevereiro - eu gosto de ver as pessoas quando andam no parque ou correm, um registro de cagüetes, pequenas manias, os sons das risadas entrecortando as conversas, e da respiração do esforço - e o calor me sufoca, mas meu coração não se apressa. É estranho o sossego que sentimos às vezes, depois de meses perturbados. E essa coisa de um, dois dias me deu uma vontade de tocar, de acordar cedo pra estudar, caramba, como eu odeio acordar antes das oito, e ainda sim me voltou um gosto por fazer um copão de chá e sair cedo de casa que não tinha há sei lá quantos meses. Então talvez seja mais que hora de parar de chorasmingar, e de ficar enfurnada com todo o mofo e calor e ar-condicionado e consequente choque térmico, com todas as escalas necessárias, todas as possibilidades passíveis de esforço, os planos um pouco aloprados, mas que ainda acredito, todo o eu e tudo isso.
Não sei como ou quando vou reaprender a fazer promessas e planos conjuntos com alguém, até gostar muito anda sendo uma coisa pé atrás, e sinceramente não gostaria que esse tipo de esperança me atacasse com você, pelo menos não nessa configuração fadada ao fracasso.
E além do mais, gosto de te ver assim, sorrindo.
Toda essa desesperança realista com sentimentos não lhe cai bem, com todo seu realismo com as outras coisas. E provavelmente não seria boa em te animar. Não, prefiro você sorrindo.

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